Autor

Alpha Dauphin

 

Data

23 de Dezembro de 1982

 

Secção

Mistério... Policiário [380]

 

Competição

Torneio “Do S. Pedro ao Natal” - 82

Problema nº 10

 

Publicação

Mundo de Aventuras [480]

 

 

O ASSASSÍNIO DO SR. JOÃO

Alpha Dauphin

Adaptação do Autor

– Como descobriu o cadáver, inspector?

– Bem, a sra. Brites foi chamar-me, muito nervosa, para que a acompanhasse ao quarto do sr. João, que, segundo ela, não acordava. Entretanto, não parava de falar no assassínio de um merceeiro, aqui perto, e por isso estava ainda mais nervosa. Fomos ao quarto. Eu bati à porta com força, mas ninguém respondeu. Então, arrombei a porta e vi o cadáver na cama. De seguida verifiquei que a janela do quarto estava fechada tal como a porta que tinha arrombado; vi dentro dos armários, debaixo da cama, etc., mas nada. Logo a seguir fomos telefonar à polícia. A boa velhota, tão assustada e nervosa, nem sequer espreitava à porta…

– A que horas foi isso?

– Deviam ser umas 7 e meia. A essa hora já todos os hóspedes tinham saído, menos a vítima, que, no entanto, também já devia ter saído…

 

A seguir revistámos todo o quarto e não descobrimos nem a arma do crime, nem passagens secretas… O assassino deve ter passado pelas paredes!… Os fechos estavam corridos, como verificámos, também, pois nesses sítios, a porta partiu-se ao ser arrombada.

– Por agora não o incomodo mais. Até logo, inspector.

– Até logo… Quanto ao incomodar, lembre-se que eu já estive no seu lugar.

 

Horas depois, na esquadra da polícia, o sargento e o inspector encarregado do caso conferenciavam:

– Sargento! Repita lá o que a velhota Brites disse que tinha acontecido na noite anterior ao crime.

– Resumindo: A velhota convidou para jantar… o inspector Fontana, desculpe, ex-inspector, que não é hóspede dela, mas é conhecido e amigo e mora em frente. Estavam também nessa noite ao jantar os hóspedes dela, que são, um deles «era»

João Barreiro (vítima, operário fabril)

Joaquim Alves (jardineiro) e

António Preto (caixeiro numa loja)

No fim do jantar, conversaram e depois foram-se deitar, é tudo.

 

No dia seguinte, o inspector Pontes batia à porta da sra. Brites.

– Bom-dia, minha senhora.

– Bom-dia, sr. inspector. Mas, entre, entre…

– Obrigado; eu venho fazer-lhe algumas perguntas, sra. Brites.

– Pois não, sr. inspector. Faça favor.

– Na noite anterior ao crime, jantaram na sua casa 5 pessoas, contando com a senhora. Sobre o que é que conversaram?

– Ah… Conversámos sobre o assassínio do sr. José da mercearia… sobre agricultura… Depois eu fui lavar a loiça e os homens ficaram a falar de pesca… Sabe, o inspector Fontana é um bom pescador, à linha…

– Foram-se todas as pessoas embora ao mesmo tempo?

– Não, não! O sr. António deitou-se mais cedo, porque se tinha que levantar mais cedo, até me disse para o acordar uma hora mais cedo do que o habitual. Depois o sr. Joaquim foi buscar uns comprimidos para o sr. João e vê tão mal, que até me partiu esse vaso aí… A seguir foram-se deitar e, por fim, saiu o inspector Fontana.

– Que comprimidos eram, sra. Brites?

– Para dormir. O sr. João tinha insónias e tomava vários. Uns mais fortes do que outros… Em caixas quase iguais…

– A que horas saíram de casa, ontem de manhã, os seus hóspedes?

– O sr. António saiu às 6 h e o sr. Joaquim talvez às sete e um quarto. Entretanto fui acordar o sr. João, mas ninguém respondeu e depois… aconteceu aquilo…

 

Novamente na esquadra, o inspector Pontes é informado pelo médico legista que a morte do sr. João foi devida a um corte na garganta feito com uma lâmina fina e possivelmente… entre as 7 e as 7.30 h da manhã. Quanto aos comprimidos… ver-se-ia depois… E o inspector comenta para o sargento:

– Este relatório é indispensável. O caso já estava resolvido… mas quero dados concretos.

 

E nós, mesmo antes do relatório médico, após a autópsia, perguntamos:

1 – Quem acha que assassinou o sr. João Barreiros?

2 – Porquê? Explique convenientemente a radia da sua resposta.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO