Autor Data 24 de Novembro de 1949 Secção Publicação Mundo de Aventuras |
Solução de: CHEQUE-MATE Amigo O
criminoso foi Roque Pereira. Na
realidade, era este o único nome que o Inspector Lister, com o espírito
transportado para os tempos em que fora campeão de Xadrez, que é como quem
diz, por meio de matéria xadrezística, poderia determinar, como afirmou
fazê-lo, através das duas pistas deixadas pela vítima. De que maneira? Bem, é
que a inscrição «O-O» feita no papel é a indicação simbólica do lance
xadrezístico chamado «roque», e a pedra que Augusto Pimenta segurava na mão
esquerda era, por certo, um «roque», (outra designação que tem a «torre»),
ambas as pistas levando, de facto, directamente ao nome do criminoso. Desconhecedor
de Xadrez, Roque Pereira, confiado, em consequência dessas ignorância,
permitiu o jogo de Augusto Pimenta, que tornou sua vítima, muito naturalmente
porque o acordo a que alude jamais o fora, atendendo a que o assassinado era
bastante cioso pelos seus interesses, ou para ceder os lucros que recebera a
mais, ou para encarar, sem ameaças de cadeia, a perspectiva dum prejuízo
monetário. Insinuou
o criminoso uma culpa para Oswaldo de Oliveira. Mas atentemos em que (e é
este o espírito do problema) o Inspector Lister não precisaria de invocar o
Xadrez, para correlacionar a inscrição «O-O» com o nome de Oswaldo de
Oliveira, interpretados aqueles dois caracteres como sendo as iniciais deste;
que a pedra de Xadrez na mão da vítima, poderia, talvez, indicar a
«qualidade» de jogador de Oswaldo de Oliveira, mas nunca o seu nome, ao qual,
diz o Inspector, a pista conduzia directamente; que, xadrezista como era, ele
não permitiria a sua inculpação através do Xadrez; finalmente, que a vitória,
num simples Torneio de Amadores, não traria a Oswaldo de Oliveira nem
dinheiro nem sequer glória, que justificassem um seu desejo de suprimir o
rival, que não inimigo. Quanto
a Bernardo Rei ser-lhe-ia, aplicável a pista da pedra, (o «rei», que não
era), mas o escrito de forma alguma lhe podia caber, além do que, se presta a
provar as suas declarações, e a solução do assassinato, normalmente, só a
procuraria, expirada a prorrogação de prazo concedida para o pagamento da
dívida. |
© DANIEL FALCÃO |
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