Autor Data 25 de Novembro de 1982 Secção Mistério... Policiário [376] Competição Torneio
“Do S. Pedro ao Natal” - 82 Problema nº 8 Publicação Mundo de Aventuras [476] |
A MENSAGEM DO PINTOR Anátema Subo
ao convés para admirar, pela última vez, a beleza indefinível que a imensidão
do mar me inspira. Lá
ao longe, no sentido em que a proa do navio voga, já se divisam contornos do
continente. Para trás, fica o vazio harmonioso, a placitude espiritual de que
se preza todo o amante da natureza. Inspiro,
não sem uma mescla de sorriso apagado, a brisa marítima que por mim roça como
num bater de asas… No azul infinito, sobrevoando o cruzeiro gaivotas soltam
gritos de alegria. «Mar… Gaivotas…
Espaço… Que mundo encantador!» Absorto
em pensamentos desta natureza, vou caminhando, silencioso, pelo convés, até
chegar à ré do navio. Aqui, e para meu espanto, encontro dois passageiros juntos:
um, de paleta na mão, dir-se-ia querer pintar qualquer coisa numa tela
suportada por um cavalete; o outro, gesticula com a
mão esquerda, mantendo a destra no bolso do casaco… –
Bons-dias, amigos – cumprimentei. – É bom verificar que ainda existe alguém
interessado na preservação da natureza – disse ao aproximar-me da tela. –
Ora, a nível de pintura, sou apenas um simples amador. Mas quanto à observação
que fez, sou de igual opinião: o Homem deveria interessar-se mais pela natureza… Sorri.
Inconscientemente, levei o meu olho director, o
esquerdo, até ao bolso direito do indivíduo que se mantivera calado. Mordi o
lábio: acabara de advinhar a configuração duma
6.35. –
Quer apreciar as habilidades do meu pincel? E,
sem me dar tempo de responder, continuou: –
Primeiro, terei de limpar os restos de tinta do pincel, para poder utilizar
com perfeição outra cor – pegou numa folha em branco, na qual foi poisando o
pincel. Depois molhou-o na paleta e ergueu-o à altura da tela: – Agora sim,
esta tonalidade completará o desenho. A
experiência da minha profissão detectivesca, induziu-me
a prestar atenção à folha que servira para limpeza do pincel. Por
momentos, esqueci-me do mundo que me rodeia (fico assim quando raciocino).
Mas, subitamente, num gesto rápido, saquei da minha «Browning»,
e quase gritei: –
Mãos no alto! O
homenzinho ficou atónito, perante a minha atitude inesperada. E mais
espantado ficou quando lhe extorqui a arma do bolso, antecipando-me à reacção do seu motor cerebral… –
Vamos lá saber o que se passa?! – triunfei. PERGUNTO:
1
– Qual o teor da mensagem expressa pelo pintor? 2
– Justifique a sua resposta. |
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© DANIEL FALCÃO |
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