Autor

Asterix

 

Data

1 de Outubro de 1988

 

Secção

Sábado Policiário [143]

 

Competição

Torneio Férias – 88

Prova nº 4

 

Publicação

Diário Popular

 

 

AS PÉROLAS DA BARONESA

Asterix

 

Quando chegámos à porta do prédio onde o barão de Sassoeiros vivia, no último andar, os pacatos clientes do café ficaram espantados com a nossa entrada intempestiva.

– Ouvimos ruídos de móveis a cair, por cima de nós, e viemos à escada para ver se havia algum problema em casa do barão; nesta altura ele gritou «acudam-me!» – Disse o vizinho que nos telefonou e que nos esperava à porta da rua.

Subimos a escada até ao 3º andar, amaldiçoando o arquitecto que se tinha esquecido do elevador, e deparou-se-nos a porta do apartamento do barão irredutivelmente fechada. Após várias pancadas que não obtiveram resposta, servimo-nos do pé-de-cabra que o prestável vizinho pôs à nossa disposição e arrombámos a porta, destruindo as duas barras e respectivos encaixes na aduela da magnífica fechadura de segurança. O barão ia entrar em despesas…

O nobre jazia a meio do vasto compartimento quadrado, iluminado pela janela que ocupava todos os 6 metros da parede frontal à porta e que ficava mesmo por cima da movimentada esplanada. Para além da escrivaninha virada, junto à parede do lado direito, tudo parecia em ordem, menos o barão. Optámos pelo jarro cheio de água despejado em cima da cabeça, já que os gritos e algumas chapadas estimulantes não foram suficientes para o despertar. O barão reagiu ao banho e levou as mãos à nuca, onde se via um galo de respeitável tamanho.

– As pérolas… – balbuciou o barão. – Ele levou as pérolas.

– Ele, quem? – questionei. – Conte-nos tudo o que se passou.

O barão, ainda trémulo, explicou:

– Assim que abri a porta, quando voltei a casa, fiquei espantado por ver um mascarado que se virou para mim ao sentir-me abrir a porta. Fiquei paralisado de terror porque lhe vi nas mãos uma enorme barra de ferro: avançou para mim com um salto, gritei por socorro e nem consegui esboçar um gesto de defesa, pois ele agrediu-me e fiquei desmaiado até agora. A baronesa vai ficar desolada quando souber…

Resolvi avisar a baronesa de Sassoeiros e telefonei para o aeroporto, onde ela tora esperar um primo das Arábias. Através do nosso pessoal, e sabendo-se que o voo do primo devia estar a aterrar, foi possível localizá-las.

– Baronesa, daqui fala o inspector da Polícia; estou em sua casa e agradeço que regresse o mais rapidamente possível, pois houve um assalto e o seu marido precisa do seu apoio. Não se preocupe que ele está bem.

– Vou já! – Exclamou, aflita, a baronesa. – O avião do meu primo acaba de aterrar e ele deve estar a sair.

Não ficou um centímetro quadrado da casa do barão por pesquisar, tendo começado pelo armário da casa de banho, onde a baronesa costumava guardar as jóias, segundo o barão. Nem ali nem no outro compartimento da casa do barão, aquele onde ele tinha sido agredido, encontrámos as pérolas da baronesa, que tinham sido levadas de junto das outras jóias.

Como na casa de banho também havia uma janela, muito menor que a da sala, abri-a e espreitei para o quintal do rés-do-chão, onde apenas estava um garrafão tombado e com aspecto de cheio. Na base da escada metálica, único acesso ao telhado, também não se via nada.

Alguns minutos depois chegava a baronesa com o primo, que entrou de rompante, perguntando de chofre, enquanto a baronesa parecia petrificada:

– Então, Sassoeiros, magoaram-te muito? E as pérolas estão no seguro? Espero que sim.

– Não se preocupe – disse eu ao primo das Arábias. – Este caso vai ser esclarecido pela Polícia.

E você, caro leitor, também é capaz de resolver o caso?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO