Autor

Black Prince

 

Data

21 de Outubro de 1982

 

Secção

Mistério... Policiário [371]

 

Competição

Torneio “Do S. Pedro ao Natal” - 82

Problema nº 6

 

Publicação

Mundo de Aventuras [471]

 

 

NA «RESSACA» DO ANIVERSÁRIO…

Black Prince

 

Estávamos no último dia de Março, que era ao mesmo tempo o dia de anos do detective Santos. Era já noite avançada e como ninguém se tinha lembrado dele, decidira dar uma festa, mas uma festa com poucos convidados. Apenas ele e seis lindas – garrafas! Para comemorar, o primeiro brinde fora em honra do seu último caso, salvo erro há dois anos atrás… e a partir daí os brindes sucederam-se, esvaziando-se garrafa após garrafa.

Quando já passava da uma hora da manhã, eis que o digno detective é acordado pela barulhenta campainha do seu telefones:

– Alô, hips…

– Alô, estou a falar com o detective Santos?!

– Eu mesmo… hips… em pessoa…

– Venha depressa, o meu irmão foi assassinado. Vou dar-lhe a morada. Tome nota…

– Sim… hips… sim… Vivenda… hips!

– Pronto, e veja lá se cura esses soluços!… Ah! Ah!

– Sim… hips.

Logo após um duche que o deixou em «forma» o detective Santos dirigiu-se à vivenda indicada. As condições climatéricas não eram as melhores. Chovia bastante e a noite escura era apenas entrecortada por relâmpago. «Um perfeito cenário para um crime…», pensava o detective.

Chegado à vivenda, deteve-se um pouco a observá-la. Era uma grande casa, com três andares, paredes lisas, bastante iluminada e, por curiosidade, não tinha varandas. Enquanto o detective fazia estas observações alguém se aproximou dele vindo do interior da vivenda.

– Detective Santos, suponho…

– Sim, eu mesmo!

– Siga-me, por favor; eu sou o Jorge Antunes, irmão da vítima; teremos de entrar pela garagem pois há um problema com a porta da frente que ainda não foi resolvido.

Já no interior de garagem, ao abrigo de chuva que caía há várias horas, o detective Sentas deparou com dois lindos carros: um «Rolls Royce» e um «Maserati». O primeiro estava muito bem tratado, de cor preta, brilhante, reluzia bastante. Quanto ao «Maserati», era um carro vermelho que, embora de linhas elegantes, não brilhava pois a fina camada de pó que o cobria impedia que isso acontecesse. Notando o espanto do detective, Jorge Antunes disse:

– Estou a ver que aprecia carros. O «Rolls Royce» pertence aos meus pais, que estão a fazer uma viagem no estrangeiro e o «Maserati» pertence-me. Bom, mas não percamos mais tempo… – disse, enquanto esboçava um alargado sorriso, nada próprio para o momento…

– Siga-me! O escritório do meu irmão é no terceiro andar.

Chegados lá, Jorge Antunes indicou o escritório. Este era amplo e a vítima encontrava-se com os braços estendidos sobre a secretária com uma mancha vermelha em seu redor… À sua direita uma estante carregada de livros… À sua esquerda um sofá e atrás de si uma janela aberta.

Nessa altura apareceram no escritório dois jovens, que mais tarde se identificaram como sendo o Rui Antunes e Ana Maria Antunes que, curiosamente, também se sorriam muito… Após rápida troca de impressões com os presentes, o detective Santos apurou que os três eram as únicas pessoas que estavam na casa… Que eram todos jovens, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. Até a própria vítima era jovem, pois tinha 22. Depois, o detective pediu aos presentes que lhe contassem o que tinham feito nas últimas horas – isto mesmo sem mais quaisquer observações à vítima.

Rui Antunes: – O que aconteceu foi o seguinte: Vinha eu em direcção a este escritório para falar umas coisas de história com o meu irmão antes de me deitar, quando a luz se apagou, talvez defeito dos fusíveis. Foi então que ouvi barulho do disparo de uma arma vindo do interior do escritório do meu irmão. Abri a porta e tive tempo de ver um vulto a sair pela janela. Ainda corri a ver se o apanhava, mas ele já tinha desaparecido sem deixar rasto… Nessa altura fui ao rés-do-chão arranjar os fusíveis e só depois lhe telefonei – e enquanto dizia isto, Rui Antunes sorria prazenteira e provocadoramente…

Ana Maria Antunes: – Eu cá estive no meu quarto a ver televisão até agora. Não dei por nada… – disse ela e sorrir.

Jorge Antunes: – Eu fui dar uma volta no meu carro e voltei há pouco. Foi nessa altura que o meu irmão me inteirou do assunto, praticamente quando você apareceu – disse ele, tentando conter uma gargalhada…

– Que sadismo, rirem-se da morte do irmão… hen?!… Mas esperem lá… – disse o detective enquanto olhava para o seu relógio acertado pela emissora nacional e que coincidia com o relógio ligado à instalação eléctrica, na parede do escritório… – Pois claro… Como sou esquecido… Nem disso me lembrei. Ouçam lá! Vocês, não vão gozar outro…

 

1) Que terá levado o detective Santos a fazer tal afirmação?

2) Indique todos os pontos que considere importantes para a solução do problema.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO