Autor Data 28 de Janeiro de 1982 Secção Mistério... Policiário [339] Competição Torneio
“Dos Reis ao S. Pedro” - 82 Problema nº 1 Publicação Mundo de Aventuras [433] |
O ROUBO DO COLAR Bob Tavis Eduardo
Antunes, porteiro de um dos hotéis de quatro estrelas, numa cidade do
Algarve, recebe um telefonema por volta das 17H30 avisando-o que antes do
jantar seria procurado pelo Inspector Rui David, que ali se dirigia em
serviço. Deveria
recebê-lo, mas nada dizer a ninguém. E
foi assim que pelas vinte horas Rui David chega à portaria do hotel onde
mostra o seu cartão a Edmundo, sem lhe dizer qualquer palavra. –
Senhor inspector!… – começa o porteiro. –
Schiu!… – fez-lhe sinal e recomenda o inspector. Estou aqui numa missão
bastante delicada e com o nome de Afonso Santos… Nada, pois, de termos despropositados.
Lembre-se das recomendações. –
Ah!… – exclamou o porteiro, mal refeito da admoestação. E logo: – O seu
quarto é no 1º andar. Nº 68. –
Está bem! – responde o inspector recebendo a chave. – Daqui a dez minutos
arranje possibilidade de me levar o jantar pessoalmente. Quero ter uma
conversa consigo. Mais
ou menos dez minutos depois, o porteiro assim fez. E ouviu o inspector. –
Estou aqui para tentar desmascarar um indivíduo que sabemos aqui instalado,
chamado Zélio Adelino, mas que se esconde sob vários nomes e tem por hábito
tentar imitar – e muitas vezes com lucros chorudos – os «ratos de hotel», do
princípio do século… As suas vítimas preferidas são do chamado sexo fraco…
Portanto se algo, acontecer, comunique comigo primeiro que nada, e nunca (nunca,
ouviu!?) conte a história seja a quem for. O
porteiro prometeu e retirou-se. No silêncio da madrugada, pelas duas horas, o
inspector é surpreendido por duas fortes batidas na porta… Era o porteiro
que, com um olhar bastante assustado, logo foi dizendo: –
Senhor inspector… o tal Zélio Adelino acaba de fazer uma das suas… –
Quando foi isso? – perguntou o inspector. –
Há poucos minutos. A senhorita chamou-me e contou-me que lhe tinham roubado o
seu colar de esmeraldas… Adverti-a para que nada contasse a ninguém do que se
passara, e está agora no quarto, à sua espera. O
inspector encaminhou-se para o quarto da vítima do roubo, indicado pelo
porteiro. Aí,
a senhora contou-lhe que tinha deixado o colar dentro da mesinha de cabeceira
e, pouco depois, teria visto que ele já lá não estava. –
Por quanto tempo esteve fora do seu quarto? –
Apenas dois ou três minutos… Deixei a porta encostada e foi o tempo de ir ao
fim do corredor, à esquina, deitar uns papéis no tubo da limpeza. O
inspector mandou chamar de seguida os dois empregados que habitualmente
levavam o jantar aos quartos e os dois indivíduos que ocupavam os quartos ao
lado do da senhora – aguardando-os a todos no seu quarto. E aí, ele começou,
uns bons dez minutos depois: –
Praticou-se um roubo neste hotel e, pela maneira da execução, é muito natural
que o assalto, se assim lhe quiserem chamar, tenha sido praticado por um de
nós seis… Há
um ligeiro sussurro, de surpresa e até de desconfiança, findo o qual o
inspector começou com o interrogatório, após as correspondentes
identificações: –
Onde estava e o que fazia cerca das duas horas da madrugada?… Há pouco tempo,
como podem verificar… Um
dos criados, Jorge Alexandre: –
Onde estava?… A dormir! Durmo no quarto 22, lá em baixo e, com o Rui Pedro,
faço o serviço por turnos… Numa semana faz ele o trabalho das limpezas e na
outra faço-o eu… O
outro criado, Rui Pedro: –
Eu estava, como o Jorge Alexandre sugere, a fazer o trabalho das limpezas.
Por essa hora, estava na Sala de Refeições, no rés-do-chão… O
indivíduo que ocupava o quarto à esquerda do da vítima do roubo, o sr.
Rafael, declarou assim: –
Eu estava no meu quarto e, por acaso, até a ler… Ouvi de facto, uns ruídos no
apartamento da senhora ao lado mas não liguei… E daí, não teria ela visto o
ladrão? O
inspector nada respondeu ao remoque e fez a mesma pergunta ao outro ocupante
do outro quarto – o sr. Inácio. –
Eu deito-me sempre muito cedo, pois que cedo me levanto. Ainda estava a
dormir, e bem, quando o sr. Eduardo me foi chamar. Não sei de nada. Foi
a vez do porteiro, o sr. Eduardo, aclarar mais o que tinha feito por essa
hora: –
Eu estava lá em baixo, no meu lugar, quando a dona Adelaide me foi chamar,
muito aflita, e me contou o que lhe acontecera. Cumpri as instruções que o
sr. inspector me recomendara e vim avisá-lo… O resto, já o senhor o sabe. –
Bem… — disse Rui David. — Aquele senhor vai… Perguntamos:
1
– Quem acha que foi o gatuno? 2
– Explique, convenientemente, a sua resposta. |
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© DANIEL FALCÃO |
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