Autor Data 13 de Outubro de 2019 Secção Competição Torneio
"Solução à Vista!" – 2019 Prova nº 5 Publicação Audiência GP Grande Porto |
…E TAMBÉM NÃO É UMA CEBOLA Búfalos Associados (Dedicado ao Amigo que nos deixou Pedro
Paulo Faria, NOVE / VERBATIM) O inspetor Garrett não perdia uma
oportunidade de conversar com os seus dois amiguinhos Cesário e Eugénio sobre
os enigmas de lógica que tanto os entusiasmavam. Os dois jovens, sempre que
chegavam da escola e depois de terem resolvido os respetivos trabalhos para
casa, corriam a casa do vizinho Garrett para trocar impressões sobre algum
tema interessante. E até já tinham conseguido alargar a paixão pelos desafios
à inteligência e ao raciocínio, junto do professor de matemática que, na
escola, nas aulas e nos intervalos, agora também os acompanhava no
entusiasmo. – “Se há coisa que tem de fazer parte de uma completa
aprendizagem é a capacidade de pensar.” – dizia com
frequência o professor. Um dia os dois miúdos
chegaram radiantes a casa do inspetor Garrett com dois novos desafios que o
professor lhes tinha ensinado. Segundo ele eram dois problemas clássicos, já
bastante conhecidos dos amantes destas coisas, mas que constituíam um
excelente treino para principiantes. – “Inspetor – principiou o
Eugénio – trouxemos uma caixa de fósforos da cozinha. Eu vou colocar 31
fósforos em cima da mesa. Cada um de nós dois vai ter de retirar,
alternadamente, fósforos da mesa. Atenção que, de cada vez, só podemos tirar
um, dois ou três fósforos. Ganha aquele que tirar o último fósforo (ou dois,
ou três, claro). Combinado? Começo eu, inspetor.” O jogo começou. As regras
foram rigorosamente respeitadas e a verdade é que o Eugénio ganhou com toda a
facilidade. – “Muito bem, – disse
Garrett – parabéns ao vencedor. Mas desconfio que vocês devem conhecer um
truque que faz com que o primeiro a jogar ganhe sempre, não será assim?” – “Bom, inspetor, então
comece agora o senhor. Mas para tornar o jogo ainda mais difícil, vamos usar
desta vez 32 fósforos.” E pela segunda vez o
inspetor voltou a perder. – “Pois, meus amigos, acho que já percebi qual é o truque! Sim senhor, é muito bem visto.” –“Agora é a vez do meu
problema – atacou o Cesário. Em tempos remotos, numa ilha distante lá no
Pacífico, viviam três tribos de indígenas muito especiais. Uma delas, era a
dos VERK que diziam sempre a verdade, outra a dos FALK que mentiam sempre, e
ainda a dos ALTERN que depois de dizerem uma frase verdadeira, a seguinte era
sempre falsa e vice-versa. Uma vez, um estrangeiro
deparou-se com três desses indígenas reunidos e, sabendo que era um de cada
uma das tribos, perguntou-lhes de que tribo eram. O primeiro respondeu: “Eu
sou FALK”. O segundo disse: “Eu sou ALTERN”. O terceiro nem falou, porque o
estrangeiro nem precisou de o ouvir porque já os tinha identificado a todos. E vendo ainda outro grupo
de três indígenas com as mesmas características do anterior, ou seja, um de
cada tribo, fez a mesma pergunta, tendo obtido como respostas: o quarto disse
“Eu sou ALTERN”. O mesmo disse o quinto: “Eu sou ALTERN”. E o sexto: “O
quarto, que falou antes do anterior, é ALTERN”. Pergunta-se: como é que o
estrangeiro conseguiu apenas por estas respostas identificar qual a tribo de
cada um dos seis indígenas?” – “Meus amigos, vou ter que pensar um pouco, mas estou certo de que vou
encontrar a solução.” – respondeu Garrett. – “Mas
hoje ainda vou deixar-vos outro tipo de enigma. Trata-se de descobrir quais
são os pontos que estão errados, ou que serão de todo impossíveis numa
determinada afirmação ou relato. Por vezes é necessária uma investigação que
pode incluir consultas na internet. Muitos problemas policiais precisam disto
para se encontrar a solução, mas não são aqueles que eu mais aprecio. Chamo a
estes problemas “de caça à mentira”. E vou dar-vos um exemplo aparentemente
simples. O vosso professor de História já vos falou da viagem de
circum-navegação ocorrida no século XVI e que tornou célebre o navegador
português Fernão de Magalhães?” – “Sim, inspetor. Acabámos
mesmo de abordar o assunto nas aulas e até se falou da atual celeuma entre
Portugal e Espanha sobre qual teria sido o país com importância mais
determinante nessa espantosa viagem.” – “Ora ainda bem. Desculpem
a piada, mas quem sabe se não foi um navegador português do século XVI que,
nas suas viagens, encontrou essa estranha ilha do Oceano Pacífico dos VERK e
dos FALK de que fala o vosso enigma? Mas imaginem agora que encontravam num
jornal a seguinte frase: “No dia 6 de Outubro de
1582, regressava ao porto de Lisboa, comandada por Fernão de Magalhães, a
frota de cinco embarcações que daí partira alguns anos antes para a
maravilhosa viagem de circum-navegação que honrou o nome de Portugal, e que
tinha tido como principal objetivo provar que a terra era redonda.” Ora esta pequena afirmação
contém, na sua aparente simplicidade várias mentiras. Os meus amigos agora
vão para vossa casa e dou-vos 24 horas para descobrir quantas e quais são as
falsidades. Amanhã todos nós temos de apresentar as nossas soluções para os
problemas que hoje aqui levantámos, vocês e eu. De acordo? Então até amanhã,
meus amigos. Bom trabalho e bom descanso.” DESAFIO AO LEITOR: Quer o leitor juntar-se a
esta tertúlia do inspetor Garrett e resolver os desafios aqui propostos e
provar mais uma vez que a lógica não é uma batata... E TAMBÉM NÃO É UMA CEBOLA?... |
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© DANIEL FALCÃO |
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