Autor Data 29 de Novembro de 1958 Secção Competição 4º Problema Publicação A Voz Portalegrense, nº 1360 |
A CARTA ROUBADA Carlos Paniágua Fèteiro Auguste
Dupin, recostado num confortável maple, abriu o sobrescrito em branco e,
limpando os dedos da cola ainda fresca, leu os caracteres impressos no canto
superior esquerdo da carta: Arnold Barckley – Professor de História Universal Front Street, 33
- New York Depois,
escrito numa letra nervosa e desalinhada, vinha o texto: Meu
caro senhor Dupin: Não
tenho o prazer de conhecê-lo pessoalmente, mas o eco dos seus feitos chegou
até mim e resolvi dirigir-lhe esta carta. É que há cerca de duas semanas,
pela noite fora, ouço em minha casa ruídos muito estranhos: gargalhadas,
gritos, passos pesados, enfim, uma casa de fantasmas! Eu
poderia levantar-me e ir investigar, mas o medo é o meu calcanhar de Ingres.
Calculo que procuram assustar-me e fazer-me crer que estou louco. Sei que
estou em perigo. Não
diga a ninguém o que aqui lhe relato e, se quizer ajudar-me, peço-lhe que
esteja amanhã ás 19,30 esquina da Rua 37 com a 27. Eu sobraçarei de modo bem
visível um compêndio de História Universal. Se o Snr. Dupin quizer investigar
este meu caso, dirá simplesmente: «Boa tarde, Professor,» e nada mais. Assim
ficarei mais descançado e dentro de dois dias voltarei a falar-lhe. Peço-lhe
o seu interesse. Arnald
Barckley Monsieur
Dupin sorriu e perguntou a um homem que tinha na sua frente se era ele o
mordomo do Professor Barckley e, perante a afirmativa deste, inquiriu quando
lhe tinha sido entregue aquela carta. O
homem respondeu que a recebera na véspera à noite e logo Auguste Dupin lhe
disse que aquela era uma carta roubada. Porquê
esta dedução de Monsieur Dupin? |
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© DANIEL FALCÃO |
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