Autor Data 13 de Outubro de 2006 Competição Episódio nº 4 Publicação Blogue Clube de Detectives |
O ENIGMA DO VASO PARTIDO Daniel Falcão Aquele
copo de limonada, bem fresquinho, estava delicioso. O passeio que fôramos
dar, até à Rua do Castelo Velho, com o intuito de ajudarmos a senhora
Palmeirinha a descobrir a razão que estava na origem do desaparecimento das
placas, bem como o autor do mesmo, deixara-nos com a garganta seca. Mas valeu
a pena, porque desvendamos mais um caso e recebemos como “pagamento” os copos
de limonada que estávamos a sorver avidamente. Mas
que dia este! Estava a ser um sábado pleno de emoções. Tudo começara com o
que poderia ter sido apenas uma simples presença numa palestra. Mas o destino
decidira presentear-me com algo mais. Primeiro,
aquela troca de olhares, entre mim e o Hugo. Depois, aquela minha decisão
(que julgava ter sido irreflectida, mas afinal fora
decisiva) de responder ao enigma proposto. Nesse momento, não me passou pela
cabeça que, minutos depois, seria a vez do Hugo
mostrar o seu gosto pelos mistérios. Já
tínhamos duas coisas em comum! A envergonhada troca de olhares e o gosto pelo
desafio enigmático. No final da palestra, aquele “gostaria de te conhecer
melhor”, dito praticamente em uníssono, fora suficientemente esclarecedor. Quando
julgamos que chegara a hora de concretizar o conhecimento mútuo, eis que vem
cair no nosso colo mais um enigma para resolver. Não
resistimos, pois, depois de mais uma troca de olhares, ficou tacitamente
decidido que este seria o nosso primeiro mistério a resolver em conjunto. E,
pelos vistos, conseguimos chegar a bom porto. Quem
ficou satisfeitíssima foi a dona Palmeirinha. Por dois motivos: por um lado,
porque fora desvendado o enigma e, por outro, porque tudo indicava que
conseguira um comprador. O senhor com quem faláramos junto da moradia, conseguira encontrar a dona Palmeirinha, bebendo uma
segunda limonada, no bar da Quinta Caverneira, e
chegado a um acordo. Como
se costuma dizer, não há mal que não venha por bem. Tudo se resolveu e lá
estávamos nós, mais uma vez, sentados e preparados para o conhecimento mútuo
que já começava a tardar. Felizmente era Verão e os dias eram muito
compridos. No
preciso momento em que nos preparávamos para atirar para trás das costas as
nossas actividades detectivescas daquele dia, eis
que se dirige a nós o empregado do bar. “Vocês
estão a ficar muito famosos. Não se fala noutra coisa! Não há dúvida que
formam uma excelente dupla de detectives e que, com
certeza, já resolvem enigmas em conjunto há muito tempo.” Olhei
para o Hugo e respondi ao seu sorriso. Acabáramos de nos conhecer (ou melhor,
quase que ainda não nos conhecíamos) e, para algumas pessoas, já éramos uma
dupla. Engraçado! Muito engraçado. Não
dissemos nada e continuamos a escutar o empregado: “Gostava de saber se
seriam capazes de resolver uma situação, um tanto ou quanto embaraçosa, que
ocorreu ontem em minha casa e que envolve os meus filhos.” Pronto!
Parecia que os enigmas daquele dia não iriam cessar. “Claro que sim! Se nos
puder descrever o que sucedeu, talvez possamos ajudar”, adiantou-se o Hugo. “Aqui
vai! Depois de mais um dia de trabalho, preparava-me para abrir a porta de
casa, quando deparei com o vaso preferido da minha esposa estilhaçado no chão
do alpendre. A planta que antes ocupara o vaso estava no chão, misturada com
a terra espalhada e com os cacos do vaso. Muito próximo dos cacos, podia-se
observar uma pegada de um pé pequenino descalço. Do mesmo pé que,
provavelmente, largara os pedacinhos de terra espalhados pelo chão do
alpendre. Entrei
em casa e disse em voz alta, audível em toda a casa: ‘Meninos, venham
imediatamente aqui à sala!’ Sentei-me no sofá e esperei que os três
estivessem em pé à minha frente: o Carlos, o Rui e o
Filipe. ‘Ora bem! Com certeza já sabem por que vos chamei. Quem foi que
partiu o vaso preferido da vossa mãe?’ Olharam
os três uns para os outros, até que o mais velho, o Filipe, disse: ‘Estava no
meu quarto quando ouvi qualquer coisa a partir. Quando desci para ver o que
era, encontrei o Carlos e o Rui na entrada, à volta do vaso partido. Voltei
ao quarto e continuei o meu estudo.’ Voltei-me para o mais novo, o Carlos,
que exclamou: ‘Não fui eu que parti o vaso! Eu estava a brincar no jardim e
não vi nada.’ Aguardava ouvir o que o Rui tinha para me dizer, quando ele
começou a falar: ‘Eu estava na garagem a ler um livro de banda desenhada.
Tinha acabado de voltar a folha, ia passar para a página 17, quando escutei
um barulho na frente da casa. Antes de ir ver o que se passava, coloquei um
marcador para retomar mais tarde a minha leitura.’ O que acham? Com estes
elementos conseguem descortinar quem foi o responsável?” “De
facto, não me parece que haja qualquer dúvida sobre quem partiu o vaso.
Concordas comigo, Hugo?”, perguntei-lhe eu. A
resposta dele, tal como eu previa, só podia ser uma: “Claro que sim! Só
espero que, daqui para a frente, nos apareçam enigmas mais difíceis, para a
nossa dupla poder brilhar como as estrelas no céu… nocturno! DESAFIO
AO LEITOR: O
leitor, tal como o Hugo e a Bruna, também tem uma opinião sobre quem partiu o
vaso. A
– O Carlos. B
– O Rui. C
– O Filipe. D
– Os três. |
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© DANIEL FALCÃO |
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