Autor

D. Chicote

 

Data

Fevereiro de 1983

 

Competição

Iº Campeonatos Distritais de Decifradores de Problemas Policiários

1ª Jornada

 

Publicação (em Secção)

Clube Xis [7]

 

 

DINHEIRO EM CAIXA DE LENÇOS

D. Chicote

 

REFORMADO FOI VÍTIMA DE AMIGO DO ALHEIO

ALJEZUR, 23 – O inverno começou este ano mal para um pobre e velho agricultor deste concelho, o senhor Zé da Nora, ontem vítima de um amigo do alheio, que lhe levou todas as suas economias, incluindo a pensão de reforma deste mês. A vítima apresentou hoje queixa no posto da GNR, que de imediato tomou conta do caso, deslocando-se ao “local do crime” e detendo vários suspeitos. O autor do furto, depois de tentar iludir as autoridades com um depoimento pouco convincente, acabou por confessar e devolver o dinheiro, ficando no entanto, detido, até julgamento.

Zé da Nora tinha ido ontem à vila levantar a pensão e esteve em casa de uma filha, de onde trouxe uma caixa com filhós. Passou, no regresso, pela porta dos vizinhos Anastácio, Pancrácio e Bonifácio que, por coincidência, à tarde foram visitá-lo, com intervalos de uma hora e pela ordem indicada.

Embora estivesse “um dia de verão”, a todos convidou para entrar e, antes de os deixar abalar, ofereceu -lhe uma filhó e um copito de medronho que, para cada um, foi buscar à cozinha. Das 3 vezes, ao voltar à casa de fora, onde os recebeu, encontrou-os de pé, mas não desconfiou de nada.

Em cima do armário e por detrás do relógio de pêndulo, tinha uma caixa de lenços onde, ao regressar da vila havia guardado o dinheiro da pensão…

– À noite – disse-nos o Sr. Zé – quando antes de ir para a cama fui à casa de fora remirar o dinheiro, fiquei para não ter vida: tinham desaparecido as notas, a caixa e tudo. Não dormi toda a noite e hoje, logo de manhãzinha, fui ao posto apresentar queixa.

 

ANASTÁCIO, PANCRÁCIO E BONIFÁCIO

Os três suspeitos

Quando a notícia do furto caiu no telex da nossa redação, logo fizemos deslocar um repórter, que, embora não tenha sido autorizado a falar com os suspeitos, na altura detidos, conseguiu, obter um resumo das declarações por eles prestadas.

A GNR tinha-os ouvido em separado e a todos perguntou, porque haviam ido a casa do vizinho, porque não estiveram sentados na ausência do Sr. Zé e o que tinham visto por detrás do relógio.

EIS O RESUMO DOS DEPOIMENTOS:

PANCRÁCIO – Foi perguntar se sabia se as batatas de semente já haviam chegado, à cooperativa. Quando ficou só bateram as 5 horas no relógio de pêndulo, por sinal 5 minutos adiantado. Levantou-se nem sabe porquê e não reparou em nada por detrás do relógio.

BONIFÁCIO – Também lá foi por causa das batatas de semente. Quando o dono da casa foi a cozinha, notou pela janela, um vulto a uns cem metros, carregando às costas, uma canastra com folhas de figueira e levantou-se para tentar ver quem era.

Antes de sair viu a caixa dos lenços atrás do relógio, mas nem lá perto foi.

ANASTÁCIO – Como o tempo não estava a seu gosto para a faina do campo, resolveu ir visitar o vizinho.

Nos minutos em que esteve só, foi até junto do relógio e viu a caixa de cartão, também disse que não lhe tocou.

 

Agora, o leitor tem todos os elementos para descobrir qual dos suspeitos foi o autor do furto. Escreva dizendo porquê esse e porque não os outros.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO