Autor

Delgas

 

Data

Setembro de 1977

 

Secção

Enigma Policiário [18]

 

Competição

Volta a Portugal em Problemas Policiais

7ª Etapa

(Évora – Beja – Faro – Quarteira – Lagos)

 

Publicação

Passatempo [40]

 

 

 

 

 

 

 

Solução de:

A MORTE DO SARGENTO COSTA

Delgas

Solução apresentada por Leafar

1.º – Se o Sargento Costa ao reconhecer o vulto se perfilou e fez continência, então o suspeito não era Cabo mas sim Oficial. Logo: Cabo Zuzarte ilibado.

Se à porta da tenda havia várias marcas de lodo e o Tenente Jesus não foi ao pântano, não poderia ter deixado tais marcas. Logo: Ten. Jesus ilibado.

O Cap. Vilar tem o alibi da vista, confirmado em parte pelo Cabo Zuzarte e certamente acabado por confirmar por quem o tratou. Aliás o Cabo Zuzarte refere que quando voltou à tenda 2 o Cap. Vilar já ali não estava, foi procurá-lo E ENTRETANTO OUVIU-SE O TIRO. Logo: Cap. Vilar ilibado.

Resta-nos, por exclusão de partes, o Tenente Rangel, 4.º suspeito e que consideramos foi o assassino.

2.º – Para além do deduzido em 1. o depoimento do Ten. Rangel é incoerente, sobretudo para um militar que o ouça.

Em primeiro lugar não se percebe porque razão o Ten. Rangel, ao vir do pântano, sujo e enlameado, se há-de dirigir à tenda 3 (de praças) e não à tenda 1 (de oficiais). E, militarmente, pior ainda: «Ouvi um soldado chamar-me e fui a correr ter com ele». Ora uma praça NÃO CHAMA um oficial PARA IR TER COM ELA, antes se dirige ao oficial e lhe comunica o que tem a comunicar. Mas ainda que assim tivesse procedido o oficial é que não aceitaria esse procedimento, e muito menos CORRERIA para ir ter com a praça! E neste «fui a correr» é que o Ten. Rangel acaba por se «espalhar ao comprido» pois que, após ter disparado contra o Sarg. Costa… «rapidamente o vulto saiu e se afastou correndo da tenda 3» (sic), segundo nos é dito na primeira parte do problema, e só o Ten. Rangel nos diz ter corrido.

Reune pois o Ten. Rangel todos os «condimentos»:

– Oficial reconhecido pelo Sarg. Costa que o cumprimentou;

– Botas enlameadas por ter vindo do pântano;

– Revólver que normalmente estaria em poder dum oficial e não duma praça;

– Correr afastando-se do local da tenda 2 (tendo-se, por essa altura, dado o tiro).

3.º – Porque é que o Brigadeiro não pode resolver o caso? Apenas porque não dispunha dos conhecimentos que a nós são fornecidos na introdução ao problema:

– Que o Sarg. reconheceu o vulto, ergueu-se e fez-lhe continência;

– Que o assassino saiu e se afastou correndo da tenda 2.

Sem o conhecimento destas duas premissas nenhum inquiridor podia chegar a conclusões certas, por mais inteligente e dedutivo que fosse.

© DANIEL FALCÃO