Autor Data 13 de Outubro de 1977 Secção Mistério... Policiário [135] Competição Torneio
“Tertúlia Policiária do Palladium" Problema nº 7 Publicação Mundo de Aventuras [211] |
UM «PEQUENO» PORMENOR Dr. Molezas Pairava
no quarto um ambiente pesado que condizia com os móveis antigos e descomunais
do quarto da D. Georgina… Examinando
o quarto, revolvido e desarrumado, encontrava-se o inspector
Mole. No chão, espalhados, viam-se agulhas, linhas de tricot, um dedal, uma
jarra, ligaduras e vários outros objectos… além de
várias manchas de um vermelho muito escuro. Enquanto o inspector
examinava com minúcia todos aqueles objectos, o seu
olhar foi pousar num pequeno boião, caído atrás de uma cadeira, que
rapidamente apanhou com cuidado, e cheirou, a ver se descobria o conteúdo…
Feito o que, procurou em vários armários, até que descobriu um que fazia de
farmácia, onde verificou haver um espaço circular, em branco, no qual cabia,
e se adaptava o boião encontrado… Continuou
a busca, e só depois de tudo visto, averiguadas as possíveis proveniências e
apontados em relação, e localizados numa tosca planta do salão, todos os objectos, é que chamou o seu ajudante, o sargento Pastel…
Este, cumpridas as ordens dadas, chamou os vários presentes da casa. O
inspector começou pelo sobrinho da vítima, que
declarou: –
A minha tia convidou-me para vir passar uns dias com ela e conhecer a sua
nova casa. Há cerca de três anos que não convivíamos. Aproveitei a deixa, e
hoje, depois de umas voltas pela baixa, dirigi-me a casa de um amigo, aqui
relativamente perto, onde, para fazer horas, estive a conversar e a ouvir
discos com ele e mais tarde com a irmã. Por volta das 19 horas vim para aqui,
encontrando tudo isto num alvoroço… Com a minha tia morta. A
seguir, coube a vez de o inspector Mole ouvir a
cozinheira: –
A seguir ao meu almoço, pelas três e meia, não saí da cozinha a lavar e a
arrumar toda a loiça, até que me apareceu o jardineiro que esteve mais de uma
hora a ajudar-me a descascar as batatas… findo o que, me dirigi ao quarto da
senhora. Chamei, e depois de entrar, dei com tudo aquilo… Percebi que estava
morta e telefonei para a Polícia… Por
fim foi ouvida a ama da D. Georgina, que disse: –
Após o almoço e porque tinha umas voltas a dar e precisava de comprar umas
coisas, fui à baixa – mas, afinal, não falei com quem queria nem encontrei
nada do que desejava. Voltei por volta das 18 e trinta e vim encontrar esta
barbaridade. Feitos
aqueles três interrogatórios, o inspector Mole
estava como no princípio… Mas não desistia… Foi então que, aproximando-se da
janela viu o jardineiro lá em baixo… Mandou-o
chamar, e… –
Depois do almoço, pelas 14 horas, comecei a arranjar o roseiral, findo o que,
ia para começar a cortar a relva quando verifiquei que não havia luz… Falha
de electricidade nesta área… É hábito, por causa
dos novos bairros. Dirigi-me para a cozinha e aí estive a ajudar a cozinheira
até que foi descoberto o cadáver da senhora… Tudo
arrumado, feitas as recomendações necessários, o inspector
deu as suas ordens à brigada técnica e saiu com o ajudante. Eram cerca de 20
horas… Na
rua, voltou-se para o sargento Pastel e atirou-lhe: –
Então, quem é o culpado?... –
Não sei bem, inspector… Mas olhe que, tenho cá umas
ideias… –
Tens mais do que eu… – de repente, estacou e… – Mas, afinal, quem é que se feriu?... Vejamos se o médico legista amanhã nos diz
qualquer coisa… O
relatório, em conjunto, dizia que: 1 – As impressões
digitais encontradas nos objectos espalhados
pertenciam à vítima e à ama… 2 – A morte fora provocada por uma pomada
existente num boião, parecido com aquele que o inspector
tinha encontrado e dera para analisar… 3 – As manchas de sangue encontrado,
provieram do nariz da vítima, onde foram encontrados resíduos da pomada
venenosa no interior das narinas… 4 – Aliás, foi aí o único local onde se
encontrou vestígios da «pomada assassina»… 5 – A
vítima devia sofrer de epistaxia, pois era para
evitar essas hemorragias que servia a pomada encontrada no outro boião… 6 – A
«pomada assassina» – como veio a ser chamada… – só actuava
e se tornava perigosamente mortal, através de qualquer golpe ou ferimento na
pele ou mucosa… 7 – Dando-se a hora da morte entre as 17 e as 18 horas é de
admitir que a «pomada assassina» tivesse começado a actuar
uma a duas horas antes… 8 – Os boiões pertenciam ao mesmo armário, mas tinham
lugares e tampas diferentes – única maneira de se distinguirem, sem rótulos…
9 – Num lenço ensanguentado, foi detectada «pomada
assassina»… 10 – Apesar da desarrumação, a ama informara que parecia nada
faltar… –
Veja lá você, sargento Pastel, que não nos bastava esta encrenca
toda dos relatórios, como ainda aquela comunicação desta manhã dos advogados
da falecida a chamar a atenção para o testamento… –
Mas isso vai ter alguma relação?... –
Pois vai!... É que, todos os que ouvimos lá em caso,
vão ser herdeiros… Simplesmente, como o velho testamento fora alterado há
pouco tempo… –
Já sei!... Procure a quem interessa o crime!... –
Razão por que alguém julgou que queimando cópia do testamento no fogão do
quarto, onde ainda foram encontrados pedaços do papel selado… – e numa
transição. – Ó Pastel, você é mesmo molezas a raciocinar… Vamos prender para
mais profundas averiguações… 1
– Quem prenderam? 2
– Porquê? Exponha devidamente o seu raciocínio. |
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© DANIEL FALCÃO |
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