Autor

Durandal

 

Data

11 de Agosto de 1977

 

Secção

Mistério... Policiário [126]

 

Competição

Torneio “Tertúlia Policiária do Palladium"

Problema nº 2

 

Publicação

Mundo de Aventuras [202]

 

 

A MORTE ENTROU NA BIBLIOTECA…

Durandal

 

Durandal cruzou as pernas, e olhou pensativamente o quadro diante de si…

Carlos Laje jazia morto, ao fundo da biblioteca, de bruços, a boca meio entreaberta, a mão direita crispada, apontando a panóplia de veludo vermelho que ostentava na vertical uma pistola, duas setas e uma adaga, e uma gota de sangue no meio da testa… Ao longo dos 11 metros que separavam o local onde se encontrava o morto do outro lado do salão, onde uma chícara de chá, de fina porcelana francesa, jazia em cacos, o rasto difuso de alguém que, porventura, se arrastasse, deixando pingos de sangue aqui e acolá…

Atentamente, Durandal ouvia o relatório que a sua secretária, pausadamente lhe lia.

Do mesmo extraímos:

1 – Carlos Laje, a vítima: – Industrial, um dos 3 sócios da firma exportadora «Laje, Flores e Cubelo Ld.a». Ultimamente não se entendia muito bem com os seus consócios Luís Flores e Francisco Cubelo por desinteligências ao nível dos negócios…

2 – Luís Flores, solteiro: «Bon vivant», adepto dos ideais sociais-democratas. Recentemente regressara de uma viagem ao interior do Brasil, aonde se deslocara para tratar da abertura de uma sucursal…

3 – Francisco Cubelo, 50 anos opulentos: – Regressara na véspera de uma viagem pela Europa Mediterrânica…

4 – Testamentos: – Os 3 sócios tinham feito testamentos recíprocos em que deixavam a parte que possuíam na sociedade aos consócios…

5 – Além do quadro inicial, junto aos cacos da chávena encontrava-se um pequeno dardo…

6 – Declarações de Luís Flores: – «Cheguei a casa do meu sócio pelas 18 e 05. Conversei com ele cerca de 15 minutos e saí, deixando-o de perfeita saúde. O encontro decorreu em termos algo azedos por divergências pessoais sobre determinados aspectos das actividades da sociedade».

7 – Declarações de Francisco Cubelo: – «Cheguei às 18 e 45 e encontrei o meu sócio morto. Em face do que encontrei telefonei para a polícia que chegou cerca das 20 horas, acompanhada pelo Dr. Durandal».

8 – Parecer do médico legista – Morte provocada por acção de curare, introduzido directamente no sangue, provavelmente pelo ferimento da fronte do morto. Hora da morte, entre as 18 e 19 horas.

Ifta, a secretária de Durandal, acabou a leitura dos apontamentos, arrumou os papéis, e virou-se para o chefe.

– «Complicado, não é Sr. Dr.?...»

Durandal sorriu, reclinou-se um pouco mais na cadeira de braços, semicerrou os olhos, e enquanto expelia uma baforada de fumo, murmurou:

– «Nem por isso, Ifta, nem por isso…»

 

PERGUNTA-SE:

1 – Quem matou?

2 – Porque afirma isso?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO