Autor

Espião Internacional

 

Data

5 de Fevereiro de 1981

 

Secção

Mistério... Policiário [299]

 

Competição

Torneio “Dos Reis ao S. Pedro”

Problema nº 2

 

Publicação

Mundo de Aventuras [382]

 

 

UM CASO FÁCIL…

Espião Internacional

 

Este caso, que eu acho particularmente curioso, aconteceu numa pequena cidade da nossa terra – este nosso querido Portugal – e cuja situação exacta não interessa referir… Interessa sim, dizer que o caso deu-se há aproximadamente quatro anos, e ainda hoje é lembrado como um caso fora do vulgar, e que, para além de ser trágico, até tem um certo humor negro… dada a situação estranha em que ocorreu. Mas, para não causar impaciência em ninguém, e para satisfazer a curiosidade que porventura possa existir nos estimados leitores, aí vai o relato do ocorrido…

 

O relógio da igreja bateu a meia hora depois das 13. A cidade encontrava-se calma, ouvindo-se apenas os ruídos dos automóveis que de vez em quando percorriam toda a avenida, e o «cain» de um cachorro pisado enquanto dormia no passeio… Quanto a pessoas, não se via ninguém nas ruas, salvo um ou outro aluno que, em louca correria, se precipitava para o edifício escolar, situado ao fundo da referida avenida. Mas eis que no outro extremo surge um ruído de passos… Nesses passos transparece a calma, descontracção e despreocupação daquele cobrador de impostos, que dava a sua voltinha depois do almoço e antes de regressar ao trabalho habitual… Aparentava uns quarenta anos, vestia razoavelmente, e usava um boné, «para não apanhar Sol a mais na cabeça»… Era um homem magro, e cuja altura demonstrava não ter sido aprovado para o serviço militar…

Depois de ter tropeçado três vezes em pedras do passeio e quase afundado outras tantas em buracos e ter batido com a cabeça no sinal «Estacionamento Proibido», deu sinais de nervosismo e fez questão de atravessar a avenida… Dirigiu-se à berma do passeio, metendo por entre dois automóveis mal estacionados… Quando ia para dar o segundo passo da travessia, um automóvel a alta velocidade passa na via, ao mesmo tempo que se ouve um grito arrepiante, seguido de um baque surdo…

 

Poucos minutos depois o inspector Sharp encontrava-se no local, com um médico-legista e dois ajudantes. Enquanto os dois ajudantes seguravam os curiosos que apareceram, o inspector e o médico-legista averiguavam os acontecimentos…

Duas horas depois, o caso estava resolvido.

Sharp voltou para o seu escritório com o respectivo relatório, do qual transcrevo algumas alíneas:

a) A vítima, símbolo da honestidade e honradez, não possuía inimigos…

b) A vítima sofria de surdez e via mal ao perto…

c) A morte fora provocada por fracturas no crânio, embora o cadáver apresentasse igualmente costelas fracturadas…

d) O automóvel que passou a alta velocidade, foi encontrado alguns minutos depois da chegada do inspector Sharp ao local do acontecimento, numa estação de serviço, com o pára-choque e o guarde-lamas do lado esquerdo bastante amassados, sem contudo terem sido encontrados quaisquer vestígios de sangue… Segundo empregados da estação de serviço, os estragos podiam ter sido encontrados embate do automóvel num dos postes que sustentem o coberto, quando este se preparava para encher o depósito, numa das bombas da própria estação de serviço…

e) Sob um dos carros mal estacionados, encontrou-se uma placa de sinais respeitante a «Trabalhos»…

f) Não houve testemunhas oculares do sucedido (pelo menos não houve quem se declarasse como tal)…

g) A Polícia foi avisada por um empregado dos «5erviços Municipalizados» que descobriu o corpo, quando regressava ao trabalho que deixara a meio, para ir ao seu almocinho…

 

O relatório foi carimbado de «Morte por acidente». De facto, não houvera crime, e muito menos suicídio… ou seria? Lembrem-se que a Polícia, por vezes, também pode «meter água»…

Mas vamos às perguntes que, tal como este caso, são um pouco fora do normal:

 

1 – Onde foi encontrado o cadáver?

2 – Explique o sucedido e como chegou à conclusão da primeira resposta.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO