Autor

Eureka

 

Data

23 de Abril de 1988

 

Secção

Sábado Policiário [120]

 

Publicação

Diário Popular

 

 

O SUBMARINO

Eureka

 

O mais moderno submarino nuclear de uma grande potência fazia a sua viagem de teste em alto mar. A uma velocidade que lhe permitia atravessar o oceano Atlântico em apenas cinco horas, a grande profundidade, era por muitos considerado a arma que poderia decidir uma guerra.

A sua rota era atentamente seguida no navio-almirante, num radar ultra-sofisticado, o único capaz de seguir o seu rasto. Passava-se tudo como estava previsto quando o pequeno ponto luminoso no «écran» do radar parou bruscamente, por alguns segundos, recomeçando de imediato a sua marcha.

A chegada do submarino ao porto de destino deu origem a uma notícia bombástica. O comandante que havia iniciado a viagem não estava a bordo, e a banda magnética que continha os planos do submarino também tinha desaparecido. Isto parecia incrível, pois nem antes nem depois da viagem teria sido possível fazê-la sair do submarino.

Examinando o registo da viagem, feito pelo computador, descobriu-se que, durante os instantes em que o submarino havia parado a grande profundidade, a escotilha de saída para o mar havia sido aberta e fechada rapidamente através dos controlos manuais. O registo do radar indicava que nada se havia aproximado do submarino mas que um qualquer objeto o havia deixado, perdendo-se depois o seu rasto.

Na cabina que dá para a câmara pressurizada, que, por sua vez, e através de uma escotilha, dá para o exterior, estava tudo em perfeita ordem, incluindo os três escafandros e o de reserva. No chão seco salientavam-se algumas manchas de uma qualquer substância coagulada.

A tripulação era formada pelo comandante (muito experiente e responsável), pelo imediato (ambicioso e ciente das suas capacidades), pelo 1º tenente (responsável e eficiente) e pelo 2º tenente (jovem e inexperiente), devendo-se o seu reduzido número ao quase total automatismo da máquina.

No interrogatório feito aos três tripulantes restantes, que estavam ainda vestidos com os fatos especiais muito resistentes e maleáveis, incluindo as botas e as luvas, ficou a saber-se serem eles os únicos capazes de tripular o submarino. Não acreditavam que o comandante pudesse ter fugido com os planos, o que consideravam quase impossível, e não tinham visto ou ouvido nada relacionado com o caso. No momento da paragem do submarino, era o 2º tenente que se encontrava na sala de comando, tendo desviado os olhos do radar perante tal situação. A substância no chão da cabina provinha, segundo o imediato, de um ferimento que fizera numa mão ao raspar acidentalmente numa porta, durante a viagem. De facto, tinha a mão ligada.

Com base no texto, explique o que se passou no submarino, justificando convenientemente as suas afirmações.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO