Autor Data 6 de Abril de 2014 Secção Policiário [1183] Competição Campeonato Nacional e Taça de
Portugal – 2014 Prova nº 3 (Parte I) Publicação Público |
OS QUATRO AMIGOS Flo & Tãnia Esta
é a História de quatro jovens, oriundos de vários pontos do país, que se
juntaram em Coimbra, com a finalidade, de entrarem para a Universidade e por
motivos que vamos saber e outros, que nos passaram ao lado, acabaram por
pedir auxílio à dupla maravilhosa, Flo & Tânia. O
Rúben, filho de uma família modesta, de uma aldeia para os lados de Bragança,
ia ter direito a uma festa porque completara o 12° ano. O pai trabalhava em
Bragança para duas solteironas que tinham vindo de Coimbra tomar conta dos
bens que os pais lhes tinham deixado e foram estas senhoras, que além da
festa, iam fazer uma proposta ao Rúben. No dia anunciado, após o “comes e
bebes”, veio a declaração prometida. Foi com emoção que a D. Laurinda
proferiu as seguintes palavras: Se o Rúben continuar os estudos em Coimbra,
tem lá uma casa como se fosse dele. E o Rúben rumou a Coimbra. A
casa era enorme, rés-do-chão e primeiro andar, em baixo dois quartos, sala de
visitas, sala de jantar e de convívio, cozinha e casa de banho. Uma escada
interior ligava os dois andares que eram praticamente iguais, nas traseiras
da casa um pequeno laranjal e uma casa de arrumos. A
cem metros de distância, ficava a ''Leitaria O Pirata'' ponto de encontro dos
estudantes que chegavam e os que já cá andavam, as amizades fizeram-se
rapidamente e dois dias depois já tinha companheiros em casa, o Luís Serôdio,
já no segundo ano de medicina, o Francisco Salgado, matriculado em Direito e
o Hélder Cunha queria seguir enfermagem. Na primeira conversa que tiveram
para a atribuição dos quartos e como ia ser o funcionamento da casa, chegaram
à conclusão que a prioridade era arranjar uma empregada urgentemente para
tratar da casa, e na medida do possível todos ajudariam. A casa estava
mobilada, apenas alguns ajustamentos seriam precisos nos quartos, ao gosto de
cada um. Ficou também assente a mensalidade do aluguer e o Rúben foi o
escolhido para gestor das contas. Assim que o escolheram lembrou-se da avó
que sempre dizia: “uma caixa de papelão é o melhor cofre”. Seguiu sempre esse
conselho. Serôdio
e Hélder ficavam no piso de baixo, Rúben e Salgado no piso superior. Quando
era possível, juntavam-se todos, jogava-se uma Kingalhada ou Poker, cinquenta
por cento da receita das fichas, ficava para a casa - tinham investido num
frigorífico, num aspirador e em pequenas coisas que iam surgindo. Todos
os meses um depósito chorudo aparecia na conta do Salgado, segundo o que ele
nos contou, andava a ajudar a gastar a fortuna da família. Ainda abordou o
tema BPN na origem dos biliões do papá, mas como estava bem bebido não
ligaram muito e ele nunca mais voltou ao assunto. Ao
fim da primeira quinzena, surgiu-lhes uma senhora à procura de trabalho,
Dulce de seu nome, quarentona toda para a frentex, a quem o dono da Leitaria
tinha dado a ''dica''. Senhora de respeito que com o tempo os foi conhecendo
melhor e de vez em quando fazia um jantar, à maneira. Hélder
Cunha, acabou por seguir enfermagem na área do gesso e ossos. Luís
Serôdio, vindo da Figueira da Foz, passava horas a olhar para o tabuleiro de
Xadrez e a estudar a maneira de ganhar o Euromilhões. O
Rúben entrara nos quadros da PT, assim que acabou o seu curso na área da
Informática. Entretanto,
uma das manas tinha falecido e os quatro amigos foram até Bragança ao seu
funeral. Os
anos foram passando, a nossa amizade era indestrutível e mantivemos sempre o
respeito de não violar os quartos uns dos outros. Um dia aconteceu o
inesperado, tinham desaparecido 11 mil Euros das economias da casa, apenas
tinham ficado as moedas que perfaziam 215,70 €. Como Hélder Cunha não estava,
Rúben reuniu com os que estavam, incluindo a D. Dulce e ficaram a saber o que
se passava. Resolveram esperar pelo Hélder para tomar decisões e é aqui que a
dupla entra, após pedido de auxílio. O
que eles contaram em separado e o que a dupla averiguou: D.
Dulce viu o Hélder a sair apressadamente do quarto do Rúben, estranhou o
facto, mas nunca mais se lembrou. Rúben:
''Adoro a noite mas com a responsabilidade que tenho na PT, praticamente só
tenho as noites de sexta-feira, o resto da semana é TV, Teatro e jogar cartas
com os amigos da casa. Ate me senti mal quando não vi as notas.'' ''Falou
a alguém aonde guardava o dinheiro?" - interpelou o Flo. Rúben:
'' Nem pensar!" Francisco
Salgado: ''Vivo do que o Papá envia, invisto no jogo, umas vezes ando na mó
de cima outras em baixo, como é o caso de agora. Adoro mulheres, beber e sou
um bom garfo. Cheguei a dizer aos colegas que punha o dinheiro, pois de
certeza, a importância vai aparecer. Talvez tivesse sido uma emergência ou um
desespero. Eu não fui garantidamente. Tenho sonhos, como todos nós. O meu é
entrar no torneio de Poker Americano, em que o primeiro prémio é um
Mercedes-Benz, 260-D a diesel, de 1932, mais 100.000 €, só que a inscrição
são 1.000 dólares, ainda ando a pensar.'' Serôdio,
também arrisca na roleta. Segundo Tânia apurou, quando lhe foi posta a questão,
disse que jogava em Espinho, a Figueira era um meio pequeno e quando assim é
todo o mundo ficava a saber. Serôdio:
'' Jogo desde 2006, os porteiros já me conhecem, nem procuram pelo cartão de
acesso, nem o Xadrez me deixa tão feliz. Este caso é muito triste. Estou
convencido que não foi ninguém da casa e guardar o dinheiro numa caixa não é
aconselhável." Hélder:
" Estive ausente, assuntos familiares assim me obrigaram. " Quando
lhe contaram da D. Dulce, respondeu secamente: - "Tentei despedir-me de alguém
da casa, o que não aconteceu. Espero que não duvidem de mim e que isto não
passe de uma brincadeira." Flo
e a Tânia também estavam baralhados e por isso pedem a ajuda de todos:
Digam-lhes se acham que alguém dos quatro amigos tirou o dinheiro e como
chegaram à vossa conclusão. |
|
© DANIEL FALCÃO |
||
|
|