Autor

Fong Si Yu

 

Data

8 de Janeiro de 1976

 

Secção

Mistério... Policiário [43]

 

Competição

I Grande Torneio

Policiário nº 10

 

Publicação

Mundo de Aventuras [119]

 

 

MENOS UM COELHO VIVO…

…NO TEMPO EM QUE OS ANIMAIS FALAVAM!

Fong Si Yu

 

Há três meses, resolvi criar em minha casa coelhos gigantes e meti mãos à obra, para fazer um recinto (isolado, no meio do quintal), aonde pudesse pôr o casal que comprara. Assim, arranjei 4 estacas com 2 metros de comprimento, igual número de pedaços de arame, com o mesmo comprimento, e construí uma «caixa» de 3x3 metros, sem fundo nem tampa, enterrando-as depois no solo, à profundidade de um metro.

Finalmente, veio a primeira ninhada e a mama-coelha mostrou-ma ao fim de um mês. Eram três belos coelhos cinzentos, não muito grandes mas irrequietos, que brincavam excitados por todo o recinto, sob os olhares atentos da mãe (o pai preferia gozar o sol da manhã, estendido a um canto).

Ora, ontem, descobri que junto à base de uma das estacas, o arame estava solto. Os três láparos descansavam junto à toca. Os papás deviam estar lá dentro.

– Hum… vou buscar martelo e pregos – pensei. – senão pode haver quem se interesse demais por eles…

E fui a casa, buscar o material. Encontrei o jornal numa mesa, e, só meia hora depois me lembrei do que havia para fazer. Nesse preciso momento, ouvi um grito… Corri para a coelheira – os dois coelhos grandes andavam de um lado para o outro, aflitos… e só se viam dois dos pequenos!

– Maldição, levaram um coelhito! – fiquei furioso, e dei uma palmada no arame… com tão pouca sorte que me feri numa ponta da extremidade superior. Fui de novo a casa, pois a ferida podia infectar (o arame estava sujíssimo) se não a tratasse. Comecei por tirar, com uma pinça, um par de pêlos cinzentos que, da ponta do arame, se tinham agarrado ao corte; depois, foi a vez de algumas partículas de ferrugem; e, finalmente uma boa lavagem limpou a ferida de toda a terra. Deitei-lhe álcool, em vez de água oxigenada, e, depois de andar a saltar pela casa, gritando engraçados «uis», «ulalás» e «ais», coloquei um penso no corte e fui chamar, para interrogatório, todos os suspeitos de cometer o crime…

Antes porém, resolvi ir concertar o recinto – e num prego encontrei uns poucos de pêlos amarelos. Já era um indício!

Fui por fim chamar os «réus»:

– O gato, que dormia num sofá da sala de estar; o furão, que caçava ratos, pelo quintal; a águia, que acabava de caçar um pardalzito, em pleno ar; e o cão, que dormia junto ao tronco de uma pereira… com o láparo morto junto ao peito! Eis o que, cada um por sua vez, me declararam:

O GATO: Seguira-me até casa, quando eu tinha vindo buscar o martelo e os pregos. Como eu fiquei a ler o jornal, ele foi-se deitar no sofá aonde o encontraria mais tarde. Era amarelo e preto, mas disse que os pêlos que estavam no prego não eram dele. Nota: eu não o vi seguir-me… porque estava distraído, talvez.

O FURÃO: Estava a caçar ratos há mais de duas horas, e vira o rato entrar na coelheira. No entanto, logo a seguir apareceu-lhe uma grande ratazana, e foi atrás dela, pelo que não viu se o gato tinha morto o coelhito. Cor: castanho e amarelo.

O CÃO: «Setter», totalmente castanho, afirmou estar a dormir até à altura em que eu o chamei. Quanto ao coelhito, junto ao seu peito, assegura não saber como lá foi ele parar…

A ÁGUIA: Disse que andava desde manhã atrás dos pardais. Quando apanhou um, desceu para o quintal, e foi então que eu a chamara. Não vira nada de anormal, na coelheira.

Terminados os interrogatórios, reuni-os a todos no meu quarto, enquanto pensava um pouco. Por fim, disse-lhes:

– Já sei qual de entre vocês foi o patifório. Pois vai ficar três dias fechado, sem comer absolutamente nada!

 

1 – Quem recebeu o castigo?

2 – Porque dizes ter sido ele o criminoso?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO