Autor Data 2 de Agosto de 1979 Secção Mistério... Policiário [228] Competição Torneio
“4 Estações 79” | Mini C - Verão 79 Problema nº 5 Publicação Mundo de Aventuras [304] |
HOMICÍDIO… Gil Era
uma linda e calma noite de luar e o guarda Ricardo prosseguia a sua rotineira
ronda nocturna. Quando passava defronte a uma vivenda, ouviu o relógio da
igreja da vila dar as 12 badaladas habituais indicando que seria meia-noite. Subitamente,
no silêncio da noite, ouve um grito agudo e prolongado como se a garganta de
onde ele saiu estivesse a agarrar-se à última parcela de vida… Ricardo
rapidamente identifica a origem do grito; era naquela bonita vivenda por onde
passara minutos antes. Apesar dos seus 50 anos não permitirem proezas
atléticas, dirige-se na sua direcção para averiguar o que se passa. Mal cruza
o portão, quando um vulto negro repentinamente abre a porta da casa e fica
especado sem saber o que fazer… pois por certo não esperava aquele encontro
ocasional. Ricardo observa bem o assaltante e apontando-lhe a sua potente
lanterna vê que ele traz uma barra de ferro; no rosto uma máscara negra toldando-o
até aos olhos escuros e, sobre a testa, um fio de sangue… Ao
romper do dia o detective Brito toma conta do caso e logo começa a recolher
informações, baseado em depoimento do guarda Ricardo. Assim conclui que: a
hora do crime fora por volta da meia-noite; o assaltado, Fernando Jorge, era
um pequeno comerciante que, habituado às crenças antigas, continuava a
guardar o dinheiro em casa; o móbil do crime tinha sido o dinheiro. Com estes
dados, o detective Brito tenta reconstituir o crime e assim, imagina o
assaltante a entrar em casa, mas a vítima, por qualquer motivo, deve ter
ouvido qualquer ruído e ao deparar com o intruso envolve-se numa luta… pois
que na casa havia indicações que permitiam tirar essa conclusão; no meio da
luta o assaltante é atingido… pois sangrava quando Ricardo o viu, mas mesmo
assim consegue desferir um golpe com a barra de ferro o que provocou a morte
de Fernando Jorge. Passados
três dias, o detective Brito consegue reunir uma lista de suspeitos que vai
eliminando um por um, até apenas ficarem 4 suspeitos: o Luís, o Inácio, o
João e o Mário – aos quais depois de localizados procurou interrogar. O
primeiro da lista era o Mário, e foi ele quem Brito procurou. Por
coincidência ou não, Mário tinha desaparecido da vila e Brito para obter mais
informações dirigiu-se a casa dos pais, com quem ele vivia. Alguns
segundos depois de ter batido à porta, esta é-lhe aberta e apresenta-se-lhe
um homem de cabelos já brancos. –
Sim?... Que deseja? –
Bons dias; sou o detective Brito e estou a investigar um caso de assassínio.
Por isso gostaria de lhes fazer algumas perguntas acerca do seu filho. –
Que fez ele?! Sempre andou metido em más companhias… e nós que sempre lhe
demos a melhor educação… Mas entre e pergunte-nos o que quiser. Brito,
já habituado a casos como este, conhecia de sobra as desculpas que os pais
davam para fugir às responsabilidades da vida que os filhos levavam, mas
aquele casal de cabelos brancos e olhos azuis inspirava sincera honestidade. Após
ter cruzado a porta e entrado na sala sentou-se numa poltrona e dispôs-se a
fazer as perguntas que eram necessárias à sua investigação. –
Ora bem… o sr. lembra-se onde o seu filho passou a noite de quinta-feira, há
três dias atrás? –
Sim… Lembro-me perfeitamente… Foi essa a última noite que ele passou em casa!
Há já 3 dias que ele não aparece em casa… saiu logo depois de jantar e… só apareceu
por volta da uma da madrugada. –
Pode dizer-me como é que ele chegou a casa? –
Bem… eu estava a dormir quando ouvi um ruído… Logo acordei, assustado,
pensando que seria algum gatuno. Só depois vi que era o meu filho que ao
entrar tropeçara em algo que, ao cair, provocara aquele ruído. Nessa altura
estava embriagado e tinha o rosto ensanguentado… Quando lhe perguntei o que
sucedera… respondeu-me que tivera uma briga. –
Acho que nada mais me pode dizer sobre o seu filho. Obrigado por tudo… se tiver
alguma notícia importante, não demorarei a informá-los. Depois
de ter saído da casa dos pais de Mário, dirigiu-se ao «Café Central» onde
poderia encontrar três dos seus suspeitos, o Inácio, o Luís e o João. –
Boas tardes, meus senhores… conhecem por acaso o Luís, o Inácio ou o João?
Pelo que me parece, costumam frequentar este café. –
Sim, conhecemos – responde o Luís – …somos nós quem procura. Mas penso que
nenhum de nós o conhece… o que deseja? –
Com efeito não me conhecem. Eu sou o detective Brito e estou a investigar um
assassínio por isso gostaria de lhes fazer algumas perguntas. –
Bem, por mim nada tenho a esconder – responde o Inácio, nervosamente. – Mas
quem foi morto? –
Calma… por enquanto sou eu que faço as perguntas, e vou mesmo começar por si.
Onde passou a noite de quinta-feira, há três dias atrás, portanto? –
Bem… Eu… acho que… Ah! Sim, já sei. Passei a noite neste café na companhia de
alguns amigos. –
E a que horas saiu? –
Parece-me que saí por volta das 23 horas. Depois fui dar uma volta por aí e
fui para casa quando já devia passar da meia-noite. –
Alguém o viu passear durante a noite? –
Não… Acho que não, porque à noite a vila está sempre deserta, como sabe. –
Bem, por agora não preciso mais nada de si – diz-lhe pensativamente o
inspector. – Agora, se não se importa, dirijo-me a si… É o Luís, não é
verdade? –
Sim, sou o Luís, e pelo que pude ouvir, você está a acusar-nos de um crime
que não cometemos. –
Por enquanto ninguém está a acusá-los de nada… Apenas estou a fazer algumas
perguntas. E o sr., onde passou a noite de quinta-feira? –
Na noite de quinta-feira, fui com o meu amigo João a uma vila próxima, às
festas que lá havia. –
Muito bem. E quanto a si João? É claro que vai confirmar o que o seu amigo
disse, não é verdade? –
Sim, sim… É claro que fui com o Luís a essa festa – responde João
rapidamente. O
dia tinha sido cansativo, pois tinha interrogado todos os suspeitos. Agora, à
noite revia as suas notas, e enquanto o fazia lembrou-se de algo que o faria
sair nessa noite… Eles precisavam… PERGUNTA-SE:
1
– Baseado unicamente no texto, diga qual o sítio mais provável para onde o
detective Brito se teria dirigido nessa noite. 2
– Explique pormenorizadamente as razões da resposta da pergunta anterior. |
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© DANIEL FALCÃO |
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