Autor Data 30 de Outubro de 1975 Secção Competição Policiário nº 5 Publicação Mundo de Aventuras [109] |
PROCESSO 251 - A MORTE DO ENGº CARLOS SILVA Inspector Gavião Quando
o sargento Luís naquela noite chegou ao escritório do eng.º
Carlos Silva, encontrou-se com um espectáculo
deprimente, que a semi-obscuridade do gabinete
tornava ainda mais angustiante. Sobre
a vasta secretária estava debruçado o seu amigo de infância… Com ele tinha
brincado e crescido… A amizade também crescera e fora ainda mais cimentada
quando lutaram lado a lado durante a Guerra Mundial. Parecia
impossível, incompreensível!, que uma pessoa de tão
elevado carácter, tão íntegro, se tivesse desesperado de tal maneira a ponto
de se suicidar – como tudo parecia indicar que assim acontecera… Sobre
o desenho semi-acabado de uma vivenda, pousava a cabeça
já sem vida… O sangue, saído de um buraco um pouco acima da orelha,
encontrava-se já coalhado, sujando o desenho. Junto
à mão direita um revólver. O dele. Na esquerda, a mão crispada, segura ainda
o lápis com que fazia o desenho. O eng.º Carlos
Silva era canhoto. Isto
o que vira depois de acender a luz. Seguidamente foi a vez de ouvir quem se
prontificara a fazer declarações. Criada
– Só estava ela em casa quando se ouviu o tiro. Correu para o escritório e
logo que chegou à porta, deparou-se-lhe o espectáculo
que o sargento vira. A janela estava aberta e, uma vez dentro do gabinete, ao
perceber que o patrão estava morto, não mexera em nada, nem em nenhum objecto do escritório. Voltara e fora telefonar. Vizinha da frente
– Tinha visto o professor a trabalhar no escritório, aliás, como era hábito.
Não se recorda bem se a janela estava totalmente aberta, mas parece-lhe que
sim. A
uma pergunta do sargento, respondeu que tinha olhado e visto o professor,
cerca das 20 horas. Mais ou menos, um quarto de hora depois, ouvira o tiro…
Fora à janela, mas como estava tudo na mesma, inclusive o eng.º
que estava, ao que parecia agora, adormecido sobre o tampo da secretária,
pensou que se tivesse enganado e que o ruído fora provocado por qualquer
coisa que caísse do prédio em construção, nas traseiras. Não estranhara pois
sabia que o professor se levantava muito cedo e, às vezes, amodorrava o seu
bocado… 1
– Acha que foi suicídio, ou teria havido crime? 2
– Explique convenientemente o porquê da sua afirmação. |
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© DANIEL FALCÃO |
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