Autor Data 13 de Outubro de 1949 Secção Publicação Mundo de Aventuras |
"NO SEU QUARTO DE CAMA, O CORPO..." Inspector Lister No
seu quarto de cama, o corpo do guarda-florestal jazia de bruços e de braços
abertos, ao comprido, no chão; ao cair, fizera tombar uma pequena mesa,
arrastando o candeeiro de petróleo, que se quebrou, e só por milagre não
provocara um incêndio. Ao seu lado, a espingarda, descarregada. A mulher do
falecido, ainda ml refeita da comoção e com os olhos rasos de lágrimas,
responde às perguntas do Inspector: –
«Foi a senhora quem fechou as janelas de madeira deste aposento? –
«Não, senhor. Foi, decerto, o meu marido, quando recolheu ao quarto. –
«Trocaram algumas palavras, no fim do jantar? –
«Nenhumas. O meu marido levantou-se da mesa e dirigiu-se para o quarto,
enquanto eu retirava os pratos e guardava a toalha. –
«Que horas seriam, então? –
«Não posso dizer, ao certo; mas já passava bastante das nove e meia. –
«E depois? –
«Em seguida, como de costume, fui para a cozinha e comecei a lavar a loiça.
De repente, ouvi um tiro! Fiquei tão assustada, que, mesmo sem largar a
terrina que estava a lavar, subi as escadas, a correr, e entrei no nosso
quarto! Imediatamente, adivinhei o que se passara! Mas daria tudo para saber
se foi desastre, ou… –
«Por agora, vai dar-me, apenas, os pulsos, para lhe pôr as algemas… –
«Como?! Que quere dizer? –
«Pergunte aos leitores do «Mundo de Aventuras», se, no meu lugar, não fariam
outro tanto! E pergunte-lhes também, porquê…? |
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© DANIEL FALCÃO |
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