Autor

Inspector Moisés

 

Data

16 de Março de 1950

 

Secção

Os Casos do Inspector Lister

 

Competição

I Torneio do C.D.M.A. – 1950

Problema nº 4

 

Publicação

Mundo de Aventuras

 

 

“EDUARDO DE CASTRO JÁ ESTAVA…”

Inspector Moisés

 

Eduardo de Castro já estava calado há alguns minutos, olhar perdido através dos vidros da janela, nos campos cultivados que se estendiam até ao ponto em que a terra parece unir-se ao céu, quando, de repente, virando-se para o interior da esplêndida sala em que se encontrava, perguntou, dirigindo-se a um indivíduo alto e gordo, que se encontrava ali, também de pé:

– Diz, então, o senhor, que ia pedir ao moço da cavalariça para lhe tratar da égua, quando encontrou o seu cunhado Ricardo, não é verdade?

– De facto, – respondeu o interpelado. – assim foi, meu amigo. Ao entrar na estrebaria, depois de ter chamado várias vezes pelo João, vi-a completamente vazia. Calculei, imediatamente, que ele fora pastar os animais. Todavia, no recanto mais escuro, afigurou-se-me estar um vulto, balouçando lentamente… Acerquei-me… e era meu cunhado! Tentando, ainda, salvá-lo, e, não tendo ali possibilidade de me elevar para o tirar do nó que o asfixiava, corri à casa do lado, – a arrecadação, – buscar uma cadeira, gritando, ao mesmo tempo, para que todos acudissem. Depois, quando eu, de cima da cadeira, e o caseiro, do chão, o dependurámos, compreendi que já fora tarde. Estava morto.

O silêncio voltou a reinar no aposento; desta vez, porém, por pouco tempo. O nosso «detective», sentando-se numa poltrona colocada em frente do caseiro, já se lhe dirigia:

– Onde se encontrava e que fazia, quando ouviu os pedidos de socorro?

– De costume, àquela hora, encontro-me na eira, vigiando o pessoal. Hoje, porém, ao soarem os gritos, ia a caminho da arrecadação, onde precisava duns utensílios que lá se encontravam.

– E você? – perguntou o detective ao criado da cavalariça.

– Eu, como o senhor Amílcar calculou, andava no fundo da quinta, pastando o0 gado e não dei por nada.

– Bem. Agora, a senhora: que sabe a respeito do caso? 

A interrogada, semideitada num vasto e cómodo sofá, completamente vestida de luto, era a viúva de Ricardo, um dos maiores amigos do nosso Eduardo de Castro. Devido à morte do marido, ficava de posse duma enorme fortuna. Com voz triste e chorosa, contou:

– Eu lia, na biblioteca, mas como esse compartimento é o mais distante da estrebaria, nada ouvi, infelizmente. Apenas sei que meu marido, durante toda a semana, se mostrou apreensivo e que ia à cidade, tratar de negócios.

Foi então a vez de Eduardo de Castro falar:

– Minha senhora. Com todas estas preciosas indicações, que acabam de me dar, e parte do resultado da autópsia, chego a uma conclusão; essa conclusão é…

 

Caros Colegas; a vossa reconhecida competência não necessita de mais pormenores para dar resposta às perguntas que se seguem; no entanto, para que este problema fique completo, devo acrescentar que a autópsia deu, além de certo pormenor, o resultado: morte por enforcamento. 

 

1 – Houve crime ou não?

2 – Porquê?

3 – Qual o pormenor que, no seu entender, devia constar do resultado da autópsia?

4 – Como imagina que se tenha passado o caso?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO