Autor

Inspector Moisés

 

Data

Novembro de 1976

 

Secção

Mistério e Aventura [4]

 

Competição

Torneio de Preparação

Problema nº 1

 

Publicação

Quebra-Tolas [17]

 

 

Solução de:

CRIME NO PARQUE

Inspector Moisés

Solução apresentada por Jartur

Quanto a mim, o criminoso terá sido o MOTA, visto que, confrontando as suas declarações com os acontecimentos e objectos descritos no pequeno problema que o «Insp. MOISES» nos apresenta, se detectam diversos fragmentos incompatíveis.

Ora vejamos:

1 – O barco em que o suspeito diz ter ido passear com o amigo, era um «pequeno barco de passeio na represa».

a) Diz o MOTA que, quando pretendia atracar, «encostando a popa ao cais», ouviu um tiro e voltou-se ainda a tempo de ver um vulto a fugir por entre as árvores.

b) Qualquer que seja o tipo de barco utilizado, ao pretender-se encostar a popa (ou ré) ao cais, o tripulante, remador ou timoneiro, terá que estar atento à manobra, isto é, observando obrigatoriamente a margem onde pretende encostar.

 a + b = Logo, seria falso ele ter-se voltado já que, se o fizesse, estaria, pelo contrário, a desviar o olhar no sentido oposto abandonando, portanto, a observação do parque, o que o impediria de poder presenciar a fuga de qualquer vulto entre as árvores do Parque.

2 – Embora não nos sejam explicitadas as duas posições relativas dos dois ocupantes do barco, julgamos saber que se trata dum «pequeno barco», a remos, no qual os indivíduos ocupariam lugares frente a frente, o remador de costas voltadas para a proa, e o passageiro sentado a ré, de costas voltadas para esse extremo posterior do barco.

a2) Na manobra de acostagem, de popa, o MOTA timoneiro, estaria de frente para o cais, olhando nesse sentido. No caso de ouvir o tiro, não necessitaria de se voltar para onde forçosamente já estaria voltado.

b2) A vítima estaria de costas para o arvoredo (a menos que também estivesse atenta à manobra e nela colaborando) razão por que não poderia, nessas circunstancias, ter sido atingido em pleno peito. QUANDO MUITO, SÊ-LO-IA NAS COSTAS.

 

 

Conclusões

Detectadas as suas falsas declarações, presume-se que o MOTA foi o autor do crime, baleando o «amigo» que se encontrava na sua frente.

Pelos vestígios patentes na indumentária e no corpo da vítima, se concluirá se o disparo ocorreu a distância ou a queima roupa. O que terá acontecido, como é óbvio, em virtude da pequenez do barco.

Posteriores investigações terão confirmado a culpabilidade do indivíduo, e terá sido fácil concluir o relatório policial, porquanto a arma apareceu certamente no esconderijo de ocasião, o vestuário do criminoso, a estrutura do barco ou o leito da represa.

Os exames periciais, sempre indispensáveis, de medicina legal e de balística, corroborarão o raciocínio aqui exposto.  

© DANIEL FALCÃO