Autor Data Julho de 1977 Secção Enigma Policiário [16] Competição Volta
a Portugal em Problemas Policiais 5ª Etapa (Guimarães – Chaves – Bragança – Mirandela – Vila Real – Lamego –
Viseu) Publicação Passatempo [38] |
Solução de: OS CINCO E O LIVRO Inspector Moisés 1º – Operador de som Cego Edgar Cicerone Cadeira de rodas Edmar Correio Anão Edmir Bibliotecário Mudo Edmaro Ajudante de bibliotecário Surdo Edmur 2º – Chega-se
a esta conclusão por: a) «de olhar fixo e gestos mecânicos mas
precisos» – revela o CEGO como OPERADOR DE SOM (actividade que, aliás, se
lhe adapta perfeitamente já que os invisuais têm, regra geral, a audição
muito desenvolvida; b) «A cadeira de rodas continuava a indicar o
caminho» – quer dizer que era o CICERONE quem assim se movimentava; c) «O Edmir for ao Correio», dito pelo
cego e na presença do da cadeira de rodas, significa que nenhum deles é o
Edmir e que o da terceira actividade (CORREIO) tem este nome; d) «O responsável por ela (Biblioteca) escreveu» e «…falou assim. O Bibliotecário confirmou, acenando com a cabeça…»
– demonstra que ele (BIBLIOTECÁRIO) ouvia, mas não falava, é o MUDO,
portanto. (Sabendo-se que sofria de paralisia de laringe, pode afirmar-se que
não era, obrigatoriamente, SURDO-MUDO…); e) «Este (AJUDANDE DE BIBLIOTECÁRIO) leu o papel e falou assim» – leva a
concluir que ele não ouvia, mas falava – é o SURDO. (Sabendo-se que sofria de
otoesclerose, é também um facto que podia falar, embora não ouvindo…); f)
Conhecendo-se, pelas alíneas anteriores, quais as actividades a que
correspondem as deficiências do «Cego», do da «Cadeira de Rodas», do «Mudo» e
do «Surdo» (respectivamente operador de som, cicerone, bibliotecário, e
Ajudante de Bibliotecário), resta-nos, por exclusão de partes, o ANÃO, cuja
actividade, necessariamente, será a de CORREIO; g) Pelas
alíneas c) e f), vê-se que se chama EDMIR o anão que é Correio; h) «Vim a esta sala com o Edmaro» e «O Bibliotecário confirmou» prova que
era EDMARO o BIBLIOTECÁRIO (o MUDO pela alínea d); i) Se havia um
fora de casa e se o meu amigo queria todos naquela sala e se na sala anterior
havia ficado o CEGO, operador de som, quando «Edmar saiu e regressou na companhia de EDGAR», isso só pode
significar que era EDGAR, o CEGO, OPERADOR DE SOM (Repare-se que não se diz,
no problema, que ele tenha deixado a sua ocupação para, também ele, passar a
acompanhar o visitante – essa era a missão específica do Cicerone…) j) Se estava
fora o anão (alínea g), se o Bibliotecário (o Mudo) se chamava Edmaro –
alínea h – se o nome do cego era Edgar – alínea i — quando o meu amigo pediu
a presença de todos e saiu o Edmar a chamar o cego («regressou na companhia do Edgar»), que deficiente podia ser o
Edmar? Apenas o da cadeira de rodas ou o surdo, mas como este não ouvia,
conclui-se que quem escutou o
pedido foi o cicerone, da cadeira de rodas, cujo nome, portanto,
é EDMAR. (No problema, diz-se, simplesmente, que o meu amigo PEDIU.
Entende-se, de imediato, que o fez como todos os pedidos se fazem,
normalmente, por via oral, pois, de contrário, ter-se-ia especificado outra
forma. Aliás, se ele se quisesse dirigir expressamente ao surdo, fá-lo-ia por
escrito, como é lógico, e, então, ter-se-ia dito «escreveu». Poder-se-á
objectar ou pensar que não se diz da presença, ali, do Ajudante do Bibliotecário,
mas isso está implícito em toda a narrativa e o problema não pode ser
«branco-é-galinha-o-põe»! De facto, se o anão fora ao correio, se o
sonoplasta estava de volta dos seus aparelhos, se o cicerone andava no seu
labor, se o bibliotecário estava na biblioteca, onde poderia estar o
ajudante, senão no seu posto de trabalho, auxiliando o seu chefe?!) h) Por
exclusão de partes, e uma vez que já sabemos os nomes relativos a 4
actividades e a outras tantas deficiências, só nos resta o SURDO que é o AJUDANTE
DE BIBLIOTECÁRIO – ver alínea e) – e cujo é EDMUR, como se pode ver na
expressão «O Edgar dormia com o Edmur
e…» 3º – O livro
foi roubado pelo EDMIR, anão, correio, de colaboração com o EDGAR, cego,
operador de som. 4º – A
justificação é feita através dos seguintes pontos: a) Se foi
comprovado que quem tirou o livro não era estranho à casa, mas se apareceram
impressões digitais que não correspondiam a ninguém conhecido (naquele exacto
instante, claro está!) e se sabemos que só mais tarde regressou o Edmir,
anão, do correio – é lógico concluir que aquelas impressões digitais teriam
de ser dele, Edmir… («E foi já na
presença dos cinco deficientes que Eduardo de Castro desenvolveu então a sua
ideia… que, aliás, comprovou imediatamente»… – terá sido fácil verificar,
então, se as impressões digitais correspondiam ou não às do anão!); b) Se foi
afirmado que a altura onde o livro estava era grande e se ele era anão e
sabendo-se que o escadote não saíra do quarto do bibliotecário, é evidente
que ele só conseguiu roubar o livro com o auxílio de outrem. Se repararmos
que o casaco do cego tinha, sobretudo, certa sujidade nos ombros, é razoável
concluir que o anão empoleirado nos ombros do cego já podia chegar à estante
que foi o que aconteceu! E a sujidade não foi limpa porque o dono do casaco
não a via (era cego) e quem o sujou também não a podia ver «lá de baixo» dos
seus 90 centímetros. Dir-se-á que, tratando-se de reformados, tudo aquilo era
ginástica demais para eles, mas não se esqueça que «não se podiam considerar todos velhos» e que «só para alguns era bem escassa a energia». |
© DANIEL FALCÃO |
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