Autor Data 25 de Março de 2021 Secção Policiário [64] Competição Torneio do Centenário do Sete
de Espadas Prova nº 1 – A Publicação Sábado [882] |
Solução de: SMALUCO E A FACA QUE MATA Inspetor Boavida A
peça de Shakespeare que estava a ser representada no dia em que Júlio foi
esfaqueado quase mortalmente em cena era A
Tragédia de Júlio César. Esta obra retrata a conspiração contra o ditador
romano, seu assassinato e consequências. Brutus
(personagem representada por Bruno), era seu amigo e
foi manipulado por Cassius (personagem representada
por Carlos) e por outros conspiradores, que o convenceram dos perigos da
ambição de Júlio César (personagem representada por Júlio). No início do III
ato da peça, consuma-se a conspiração e Brutus
desfere o golpe fatal em Júlio César, momento em que Bruno esfaqueia o seu
colega Júlio com uma faca de lâmina verdadeira, interrompendo a representação.
Mas quem lhe trocou a arma? – eis a primeira
questão. A
empregada da loja que vendeu a faca de lâmina verdadeira afirma ter a certeza
de que não foi Bruno nem Casca o seu comprador. Conclui--se, assim, que terá
sido Carlos quem comprou a arma. Este facto, conjugado com a sua presença no
armazém de adereços, cuja chave estava na posse de Casca, alegadamente para
fazer uma chamada telefónica, leva-nos a deduzir que Casca cedeu a chave do
armazém a Carlos e pode saber da compra da faca de lâmina verdadeira É-nos
dito que foi Casca quem deu a faca a Bruno – ambos o confirmam –, mas isso
não quer dizer que não tenha sido Carlos a passá-la a Casca depois de a
trazer do armazém. E, neste caso, a faca devia possuir as impressões digitais
dos três, mas, estranhamente, só foram encontradas as impressões de Bruno. A
inexistência das impressões de Casca e Carlos na faca significa que foi Bruno
quem as limpou antes de entrar em cena para esfaquear Júlio. Isto revela que
Bruno estava envolvido numa conspiração grupal como n’ A Tragédia de Júlio César, para matar Júlio, tendo eliminado as
impressões dos colegas para os isentar de responsabilidades pelo sucedido.
Desta forma, seria defendida a tese de a arma ter sido trocada por “desconhecidos”
que se tinham introduzido no escuro dos bastidores, desconhecendo Bruno esse
facto. Só que ele referiu “mãos nuas”. E essas mãos nuas não “estão” na faca!
Esta
tentativa de homicídio pode ser consequência do caso antigo que levou os
quatro colegas à justiça no passado, onde dois deles acusaram a vítima de ser
um “tipo desprezível”. Parece certo que esta acusação foi feita por Casca e
Carlos. A afirmação da vítima "Também tu, também tu?" (em vez da
célebre frase “Também tu, Brutus?”, da peça de
Shakespeare) pode revelar que Júlio suspeitava de que havia uma conspiração
para o matar, mas nunca haveria suposto que Bruno viesse a fazer parte desse complot. |
© DANIEL FALCÃO |
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