Autor

Inspetor Boavida

 

Data

20 de Maio de 2021

 

Secção

Policiário [72]

 

Competição

Torneio do Centenário do Sete de Espadas

Prova nº 3 – B

 

Publicação

Sábado [890]

 

 

Solução de:

CRIME NA VIVENDA DOS ALVES

Inspetor Boavida

 

Resposta certa: alínea b) Belinda Alves.

Abel Alves não apresenta no seu discurso nada que leve o chefe Pinguinhas a acusá-lo de crime de homicídio ou de qualquer envolvimento na morte de Catarina Bastos. Abel disse que se levantou às 9h30, o que é confirmado por sua mulher, foi tomar um banho de imersão que durou cerca de meia hora e depois dirigiu-se à cozinha, onde encontrou o cadáver. E os seus gritos foram ouvidos às 10h, conforme comprova Esmeralda Costa. Não há nada, portanto, que possa justificar que tenha sido ele que Pinguinhas apontou como autor do crime quando se despediu do inspetor Mesquita.

Felício Bastos também não deixa transparecer qualquer indício de envolvimento na morte de Catarina. É verdade que ele evidencia algum nervosismo na conversa com Pinguinhas, mas isso pode ser justificado por se encontrar em estado de choque pelo falecimento de sua mulher, que ele diz amar muito, tanto mais que ele se sente culpado por a ter convencido a passar o fim de semana na vivenda do casal Alves, quando ela havia manifestado preferência em fazer uma visita aos pais. Por outro lado, o facto de ele se ter levantado mais tarde do que a mulher é explicado pelos hábitos matinais de ambos.

Daniel e Esmeralda Costa também não deixam escapar qualquer indício de culpabilidade no assassinato de Catarina Bastos, apesar de o discurso de ambos apresentar uma ligeira diferença quanto ao preciso momento em que os dois chegaram à piscina. Ao contrário do que Daniel Costa afirma, eles não desceram juntos diretamente para a piscina, tendo ele lá chegado algum tempo antes de Esmeralda, que voltou atrás no caminho para trazer consigo um protetor solar. Mas esta particularidade não é razão suficiente para que o chefe Pinguinhas conclua que eles estão envolvidos no crime.

Belinda Alves, pelo contrário, apresenta no seu discurso uma razão mais do que suficiente para que o chefe Pinguinhas conclua que ela terá algo a ver com a morte de Catarina. Quando diz que se deslocou à porta para receber correspondência do carteiro, mente! Ela quis forjar um álibi, mas esqueceu-se de que, em Portugal, não se entrega correspondência ao domingo. Jantaram num sábado (Dia da Liberdade, no ano de 2020) e o cadáver foi encontrado na manhã seguinte. Recorde-se que passavam quase 11 anos sobre a extinção do posto de subchefe da PSP (Dec.–Lei 299/2009, de 14 de outubro – art.º 95, n.º 3). O motivo do crime poderá ter a ver com ciúmes, por algo que soube durante “as manifestações de ternura e carinho e recordações dos amores do passado, das pequenas loucuras e paixões da juventude” provocadas pelos calores do álcool e da droga.

© DANIEL FALCÃO