Autor

Inspetor Fidalgo

 

Data

16 de Agosto de 2016

 

Secção

O Desafio dos Enigmas [6]

 

Publicação

Novo Audiência

 

 

O INSPETOR FIDALGO DÁ UM CURSO

Inspetor Fidalgo

 

O Agripino era da espécie de pessoa que sempre procura e quase nunca encontra. Quando tomou a decisão de abraçar a carreira policial, não houve quem o criticasse ou se risse, porque tudo era tão natural como o Agripino que nada parecia impossível.

Foi nos testes finais que mais deu nas vistas, quando, numa prova prática, deu solução brilhante ao desafio proposto pelo Inspetor Fidalgo, o monitor do curso e que rezava assim:

Primavera. O ar calmo e quente fazia lembrar tudo o que de bom e belo a natureza tinha para oferecer. Os pássaros, as abelhas e as flores brincavam em conjunto, numa sinfonia a que não faltavam as borboletas com o seu encanto. Tudo parecia perfeito e nada indicava que no mundo também houvesse horrores, fome, crime e miséria.

Também na perfeição pensava o Sousa, um homem calmo e simples a quem a vida sorria e que, como todos os dias, abriu a varanda e respirou fundo, desfrutando com visível satisfação a pureza do momento, ele que tinha ali o seu refúgio, sem telefone nem correspondência, que essa recebia-a no escritório. Uma hora depois estava morto, sentado ao volante do carro, no interior da garagem privativa que ocupava o rés-do-chão da sua casa e que tinha uma ligação interior com as restantes dependências, por meio de umas escadas em caracol.

Morto com um tiro que deixou marcas na têmpora direita, sob a forma de um buraco mais ou menos regular, e no maxilar esquerdo, completamente destroçado. O projétil furara a porta do lado esquerdo e não havia qualquer sinal dele no lado contrário. O rumo da bala perdera-se e ainda não fora possível detetar o seu paradeiro.

Não cheirava excessivamente a pólvora, dentro da viatura, facto a que não devia ser alheia a abertura do vidro do lado direito, até sensivelmente metade. A cabeça do Sousa pendia para a frente, beneficiando do apoio que o corpo encontrou no cinto de segurança, já colocado.

Sangue havia por todo o lado. E mais houve ainda, quando um agente, distraído e pouco diligente, se feriu ao raspar a mão, pela porta da viatura, cortando-se nos bordos da perfuração do projétil. A arma da morte estava lá, sobre o assento (mesmo ao lado do comando que acionaria a porta da garagem), do lado direito, por baixo da mão do Sousa.

A solução do Agripino não despertou risos, nem sequer sorrisos. Talvez tivesse descoberto a sua vocação…

 

Quer o leitor testar a sua vocação detectivesca e elaborar um relatório circunstanciado do que lhe sugere este caso? Como ajuda, refira se acha que houve crime ou suicídio e justifique de forma clara a sua opção.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO