Autor

Inspetor Fidalgo

 

Data

13 de Agosto de 2020

 

Secção

Policiário [32]

 

Competição

Torneio Sábado Policiário 2020

Prova nº 7 – Parte II

 

Publicação

Sábado [850]

 

 

O SOBRINHO DO INSPETOR FIDALGO

Inspetor Fidalgo

 

Era um dia como outro qualquer, com sol e calor, mas, para o inspetor Fidalgo, havia alguma coisa de diferente no ar. Era o grande dia do seu sobrinho, um rapagão de quase dois metros de altura, que jogava aí mesmo… Nas alturas!

Naquela terra pequena, o clube de basquetebol era uma espécie de instituição, fazendo convergir ao pavilhão verdadeiras multidões, tendo em consideração, naturalmente, a dimensão da terra.

E era o grande dia porque o jogo que iam disputar teria honras de transmissão pela televisão, em direto! Daí a grande azáfama e o grande nervosismo que a todos atacava, desde os jogadores aos técnicos e público em geral. O puto, o sobrinho do inspetor, era dos principais influenciados, negativamente, claro, e era mais do que usual falhar rotundamente nos momentos mais cruciais de cada jogo ou competição. No fundo, talvez ninguém acreditasse nele como jogador de futuro, ainda que todos lhe reconhecessem valor de sobra para estar num bom clube… A cabeça…

À frente da televisão, o inspetor Fidalgo ia delirando com os principais lances e, embora achasse que o sobrinho não estava brilhante, longe disso, a verdade é que também não estava desastrado de todo!

Mas a carga psicológica foi fazendo das suas e, pouco a pouco, a sua equipa estava a perder o avanço que fora angariando. E foi quase sem surpresa para ninguém que, a cinco segundos do final, a equipa do seu sobrinho perdia por três pontos, tornando quase impossível a recuperação.

Cinco segundos para terminar, o sobrinho com a bola nas mãos e… Um enorme estrondo desvia a atenção do inspetor do seu recetor, correndo em direção à janela, a tempo de observar que um tipo qualquer está a tentar assaltar uma senhora, tendo disparado para o ar, na tentativa de assustar as pessoas que se juntaram…

O inspetor sabe como agir nestas circunstâncias e uma meia hora depois tudo estava arrumado e resolvido, com o meliante preso e o conflito sanado… Mas o inspetor Fidalgo ficou sem o fim do jogo, mais do que previsivelmente ganho pelos adversários do seu sobrinho.

Foi então que o telefone soou e, do outro lado, uma voz eufórica anunciava o impossível…

– Ganhámos, tio… Viu o jogo? Viu bem a minha jogada final…

– Não pude ver, pá, estive ocupado… Conta lá o que aconteceu nos cinco segundos finais, que foi o que não consegui ver…

– Ora, tio, foram todos meus… Ninguém pôs a mão na bola, nem da minha equipa nem dos outros, apenas houve um jogador a tocar na bola: EU! Estás a ouvir, tio, foi a minha noite!...

– A quantos pontos estavam do adversário?

– Estávamos a três pontos deles e sem que mais ninguém tocasse na bola, estás a ouvir, sem que mais nenhum jogador pusesse um só dedo na bola… Este menino, zás, virou o resultado e ganhámos por um ponto!...

Mas… Estás a brincar comigo… Como é que podias fazer…

– Desculpa, tio, mas não posso estar com mais explicações; telefonei-te porque sempre me deste o teu apoio, mesmo quando eu falhava totalmente… Agora, neste momento de euforia, vou sair com a Sandrinha… Sabes, a moça de quem sempre gostei e que não me passava cartão… Não há dúvidas, triunfar é meio caminho para outras vitórias… Estás a entender… Adeus tio…

O inspetor estava siderado… O puto estava, certamente a “pintar”, mas para quê? Para enganar quem?

 

A – O puto “pintou” a história ao saber que o tio não vira o jogo até ao fim, porque a jogada que afirma ter executado não era possível.

B – Pode ter executado a jogada, mas nunca somaria os pontos suficientes para ganhar a partida.

C – Pode ter executado a jogada e ganho o jogo, porque isso era possível e viável.

D – Mentiu descaradamente, porque em cinco segundos não se pode anular três pontos de diferença, ganhando a partida sem prolongamento, sem que a bola passe pelo menos pelas mãos de um adversário.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO