Autor Data 28 de Janeiro de 2021 Secção Policiário [56] Publicação Sábado [874] |
QUATRO AMIGOS Inspetor Fidalgo Os quatro
amigos estavam reunidos à mesa, algures num local estranho, que não
conseguimos identificar. Com maior pormenor, a neblina começou a dissipar-se
e as feições de cada um mostraram-se bem nítidas, permitindo o seu
reconhecimento: Um era o
inevitável Sete de Espadas, com a sua cabeleira rala, muito branca, olhos
vivos, sorriso franco; à sua frente, estava o Dic
Roland, detetive de vastos recursos, que chegou a ser chefe da polícia na
Índia e que percorria o país em todos os eventos policiários, como sempre
fizera o Sete de Espadas; à direita, sentava-se o KO, um professor de grande
mérito que um dia descobriu que era exímio decifrador de enigmas policiais e
ganhou enorme fama no meio; à esquerda sentava-se o restante amigo, o Rip Kirby, outro brilhante detective que seguia todas as movimentações policiais,
escrevendo e resolvendo enigmas, com um gosto especial pelas classificações… Aos quatro
podiam chamar-se os “três mosqueteiros”, que como é sabido eram quatro, ou
como alguém sugeriu, o “bando dos quatro”! Na verdade,
cada qual à sua maneira, eram mestres venerados e
ainda hoje muito amados e respeitados no mundo do Policiário e que se reuniam
no primeiro dia do mês de Julho para comemorar mais um aniversário do
Policiário no Público, agora que estavam
impedidos de o fazer pessoalmente. O convite não era só para eles, podiam
comparecer todos os confrades que devido à passagem para este novo lado,
quisessem confraternizar e certamente que ainda iam aparecer mais, mas a esta
hora, eram só aqueles quatro. No do ano
anterior, foram dezenas os presentes e ali, ao contrário deste lado, ninguém
falta! São solidários e firmes nas suas convicções e têm a certeza que, ano
após ano, mais irão chegando, porque isso é uma inevitabilidade. De história em
história, chegaram ao momento em que o Rip Kirby, entre sorrisos, lançou a “farpa” aos restantes,
lembrando o acontecido na reunião do ano anterior, quando estes mesmos quatro
chegaram ao final do encontro e foram fazer as contas para pagarem a despesa… – Lembram-se
em nome de quem foi pedida a fatura? Lembram-se? – Lembro-me
que o número do contribuinte correspondia ao nome, letra a letra, número a
número! – recordou o Sete de Espadas. – Ó Rip Kirby,
está a lançar confusão! – referiu Dic Roland com sorriso malandro. – Pois é
verdade e agora acrescento eu, o número foi o 143792651 – aí estava o KO a
pôr em jogo os seus dotes matemáticos. Naquele fim de
tarde, soaram gargalhadas que ecoaram e se prolongaram por muito tempo, numa
demonstração de que a camaradagem e amizade são mesmo eternas. No ar ficou a
pergunta para ser devidamente justificada: De quem era o número de
contribuinte que ficou na fatura? |
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© DANIEL FALCÃO |
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