Autor Data Março de 1977 Secção Enigma Policiário [19] Competição Volta
a Portugal em Problemas Policiais 9ª Etapa (Setúbal – Sesimbra – Barreiro – Almada – Lisboa) Publicação Passatempo [41] |
Solução de: MORTE POR ENVENENAMENTO Investigador Bazooka 1 – A culpada
foi a Sr.a Marques. 2 – a) – André
afirmou que a mãe acendeu a luz e, simultaneamente,
gritou «… está envenenado…». Ora, como é que, simultaneamente, a Sr.a Marques não só vence um efeito
de surpresa que seria natural, como logo diagnostica, duma forma obviamente
extemporânea e acusatória, a verdadeira causa da morte da vítima? O facto é
que, apesar de não haver sangue, também nada revelava, de imediato, a existência de envenenamento – podia estar
simplesmente desmaiado, ou ter sido vítima de ataque cardíaco, de
estrangulamento, etc., etc., – tanto mais sabendo-se que só «após um relatório preliminar foi dado a
conhecer que o avô Silva Marques fora envenenado com estricnina». Logo… b) – Se a Sr.a
Marques foi a última a deixar a sala e quando a deixou «o avô ficou a ler o jornal» – conforme declarações suas –
obviamente a luz ficou acesa. Isto faz ressaltar, com clareza, outra
incongruência grave do seu depoimento, quando afirma que «quando voltei de casa de banho lembrei-me
de ir correr a persiana, acendi a luz e dei com aquele espectáculo». E
esta contradição é tanto mais de assinalar quanto é certo que, tendo a
estricnina imediatos efeitos paralizantes – por contracção de todos os
músculos, o que impediria a vítima de gritar e de se mover – é inadmissível a
hipótese de ter sido o velho mesmo a apagar a luz. De resto, porque o faria?
Assim, há uma contradição evidente nas declarações de quem afirma ter sido a
última pessoa a deixá-lo e a primeira a vê-lo, após a morte… c) – Estranha
é também a sua afirmação de que quando voltara da casa de banho se lembrara
de ir correr a persiana. Pois não
sabemos que «nevava em Malmoe», que
«o Inverno bastante duro fustigava a
cidade sueca» «…de uma forma
violenta que era pouco comum ver» e que «foi assim que devido ao temporal, os Aguiar Teixeira tiveram que
dormir em casa dos Marques»? É lógico, então, que verificando-se uma
situação destas, a persiana não estivesse desde há muito corrida, sendo só à
meia-noite, quando passou junto à sala, vinda da casa de banho (e com aquela
às escuras…) que se lembrou de que ela ainda estava aberta? E seria fácil
fazer correr esta agora, depois de tantas horas a nevar? d) – A Sr.a
Marques, última a deixar a vítima e primeira a encontrá-la, afirmou que a
deixara a ler o jornal. No entanto,
nenhuma referência é feita à existência desta da descrição da cena, onde se
assinala apenas a presença da vítima, «Com
o rosto no chão, expressão vazia, olhos sem vida e sem alegria…» e, «…a seu lado, um copo caído e restos de
bebida espalhados pela alcatifa»… e) –
Finalmente, a afirmação de Paulo ao inteirar-se da verdade – «Se há 30 anos me tivesse lembrado disto,
caramba! Não há dúvida… Deus lhe perdoe ter morto o seu avô…» – pressupõe
necessariamente que a pessoa culpada já não faz parte do número dos vivos,
fora portanto do alcance da Justiça terrena. Logo, vivos que são os três
rapazes, só aos seus pais e ao casal Aguiar Teixeira, já falecidos, poderia
Paulo estar-se referindo. E, de entre estes – até pelo que já foi provado –
só poderia ter sido a sua mãe, a Sr.a Marques…. |
© DANIEL FALCÃO |
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