Autor Data Dezembro de 1977 Secção Enigma Policiário [21] Publicação Passatempo [43] |
Solução de: O TÁXI MISTERIOSO Jartur Sem dúvida que
Mário Barata mentiu, simulando o roubo, para conseguir o dinheiro da
Companhia de Seguros que lhe cobria as jóias. Isso prova-se indubitavelmente,
porque: a) Nunca se
podia ter apresentado «impecável no seu fato azul», visto que lá fora a chuva
caía, miúda mas persistente. E se Mário Barata estivera cerca de uma hora,
como afirmou, desmaiado no chão, a apanhar chuva, logicamente
apresentar-se-ia encharcado e em desalinho. b) Também
seria pouco provável que o motorista perdesse tempo a abrir a pasta para lhe
tirar as jóias. Mais prático, rápido e natural seria levar a pasta. c) Nunca
poderia apresentar «a pasta fechada» sobre os joelhos. Na verdade, se o
motorista lhe tinha roubado as jóias e, portanto, «aberto a pasta», e se,
quando recuperou os sentidos, teve o cuidado de não tocar na pasta senão com
um lenço para não apagar as impressões digitais – o que até nem seria reacção
mais lógica – esta deveria naturalmente apresentar-se aberta. d) Pleno de
ilogismo o facto da pseudo-vítima «contar» ao motorista que levava uma
fortuna na pasta. Só o faria um homem que não medisse as responsabilidades… e
nunca um negociante de jóias, com mais de meio século de vida. e) Afirma que
o motorista de táxi lhe abriu a porta do lado direito do carro e que inclinou
para a frente o encosto dianteiro. Esta descrição corresponde obviamente a um
carro de duas portas e todos sabemos que, por lei, é proibida a existência de
táxis com estas características. Logo… f) É difícil
fazer «desmaiar por uma hora» um homem, tanto mais tratando-se de «um homem
forte». Ou a agressão teria sido violenta e então as consequências seriam
graves de mais para que Barata aparecesse depois ao investigador,
aparentemente incólume, ou então a agressão seria ligeira e nunca
proporcionaria uma hora de desmaio. g) O motorista
contornara o carro, abrira a porta e inclinara o encosto. Para isto,
empregam-se normalmente as duas mãos. Se o condutor tivesse uma das mãos
ocupada com o objecto da agressão, teria de fazer uns movimentos complexos e
anormais que atrairiam a atenção de M. Barata. h) Seria
certamente mais normal, depois de voltar a si, ter pedido auxílio ao seu
amigo Pelim, tanto mais estando ali, à porta dele, do que procurar um
investigador, que não se percebe como de imediato sabia o seu endereço. i) Também já
foi muita sorte (?) encontrar um táxi poucos momentos depois de recuperar os
sentidos, sabendo-se que o sítio era pouco movimentado, a tal ponto de
«ninguém ter passado durante uma hora». j) A ansiedade
de Mário Barata ao pedir que o detective ao menos lhe conseguisse provar o
roubo era suspeita, pois bem mais natural, uma vez que se tratava de jóias
valiosas e raras, era desejar a sua recuperação. |
© DANIEL FALCÃO |
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