Autor

Jartur

 

Data

Fevereiro de 2004

 

Publicação (em Secção)

O Lidador das Cinzentas [1]

 

 

O TÁXI MISTERIOSO

Jartur

 

Marcos Dias folheava paulatinamente velhas revistas de banda desenhada, revendo, maravilhado, a qualidade de alguns bons trabalhos.

 Lá fora, uma chuva leve, mas persistente, caía, tirando às pessoas a vontade de sair. Por isso, naquela noite, o detective não trocou a tranquilidade do seu gabinete de trabalho pelo habitual passeio nocturno pelas ruas da cidade.

Seriam talvez vinte e três horas, quando o passatempo de Marcos foi interrompida pelo retinir da campainha eléctrica que alguém fizera soar, premindo o seu botão, na entrada principal do edifício.

O investigador foi abrir, e deparou com um homem forte, impecável no seu fato azul, e com os esbranquiçados cabelos em desalinho. Algumas rugas lhe sombreavam as faces, dando a impressão de ter já mais de meio século de vida.

O homem procurava os serviços do detective, e este convidou-o a entrar, oferecendo-lhe a comodidade dum sofá e o reconforto duma deliciosa bebida.

Pousando a pasta de cabedal castanho, fechada, sobre os joelhos, o homem identificou-se e contou o sucedido.

– Sou Mário Barata, negociante de jóias. Saí de casa esta noite, cerca das vinte e uma e trinta, para visitar um cliente muito amigo. Meti-me no primeiro táxi que apareceu livre, e, durante o percurso, caí na asneira de confidenciar ao motorista... que levava na pasta grande valor em jóias raras.

«Quando o carro parou, junto ao portão do jardim que fica fronteiro à casa do meu amigo, num dos arredores pouco movimentados da cidade, o motorista apeou-se, e contornando o carro, veio abrir a porta do meu lado, inclinando para a frente o encosto do banco anterior que me impedia a saída.

«Estava eu já com meio corpo fora do carro, quando uma forte pancada, seguida de dor aguda me abalou a cabeça, provocando a minha queda.

«Quando recuperei os sentidos, talvez uma hora mais tarde, verifiquei que a meu lado estava a pasta, caída, e dela haviam desaparecido as jóias que contivera. Levantei-me a custo, e agarrando a pasta com o lenço, para que as minhas mãos não fizessem desaparecer quaisquer outras impressões digitais que por sorte lá estivessem, dirigi-me para aqui, sem me preocupar já com a visita que prometera fazer ao meu amigo César Pelim. Tinha andado poucas centenas de metros, quando passou um novo táxi que eu ocupei, indicando ao motorista esta sua morada.

«As jóias que me foram roubadas valiam, como já disse, enorme fortuna. Peço, por isso, que se o senhor não puder encontrar o ladrão, consiga pelo menos provar a existência de roubo, para que a companhia seguradora me não possa negar o dinheiro do seguro.»

Marcos Dias ouvira estas declarações, sem deixar de olhar, furtivamente, as revistas que pusera de lado. Mas, na realidade, a sua observação concentrava-se no visitante… De tal modo que, momentos depois, o mistério estava resolvido.

 

 Terminado o caso, e já sem ligar à chuva que continuava a cair, o detective resolveu dar uma saltada até ao "Clube do Aranhiço", para contar o caso aos seus amigos, que não regatearam as felicitações a ele devidas, por mais um caso bem resolvido.

 

PERGUNTA-SE:

Qual teria sido a solução que o detective expôs aos seus amigos?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO