Autor Data 29 de Abril de 2022 Secção Correio Policial [552] Publicação Correio do Ribatejo |
O TÁXI MISTERIOSO Jartur Marcos
Dias passava vagarosamente as páginas da revista “Flama”, interessado com a
originalidade das fotos ali reproduzidas e absorvido pela leitura do texto. Lá
fora, uma chuva leve mas persistente caía, tirando às pessoas a vontade de
sair. Por isso, naquela noite, o detective não trocou a tranquilidade do seu
cómodo gabinete, pelo habitual passeio nocturno nas ruas da cidade. Seriam
talvez vinte e três horas quando a leitura de Marcos foi interrompida pelo
retinir da campainha eléctrica que alguém fizera soar, premindo o seu botão,
na entrada principal do edifício. O
investigador foi abrir e deparou com um homem forte, impecável no seu fato
azul e com os esbranquiçados cabelos em desalinho. Algumas rugas lhe
sombreavam as faces, dando a impressão de já ter mais de meio século de vida.
Aquele
homem procurava os serviços do detective e este convidou-o a entrar,
oferecendo-lhe a comodidade de um maple e o reconforto de uma bebida. Poisando
a pasta de cabedal castanha, fechada sobre os joelhos, o homem apresentou a
sua identificação e contou o sucedido: “–
Sou Mário Barata, negociante de joias. Saí de casa esta noite, às nove e
trinta, para visitar um cliente muito meu amigo. Meti-me no primeiro táxi que
apareceu livre e durante a corrida, caí na asneira de confidenciar ao
motorista que na pasta levava grande valor em joias raras.” “Quando
o carro parou, junto ao portão do jardim fronteiro à casa do meu amigo, num
dos arredores pouco movimentados da cidade, o motorista saiu e, contornando o
carro, veio abrir a porta do meu lado, inclinando para a frente o encosto do
banco anterior que me impedia a saída.” “Estava
eu já com meio corpo fora do carro quando uma forte pancada, seguida de dor
aguda, me abalou a cabeça, provocando a minha queda.” “Quando
recuperei os sentidos, talvez uma hora depois, verifiquei que a meu lado
estava a pasta, caída, e dela haviam saído as joias que contivera.
Levantei-me a custo e, agarrando a pasta com o lenço para que as minhas mãos
não fizessem desaparecer quaisquer impressões digitais, que por sorte lá
estivessem, dirigi-me para aqui, sem me preocupar com a visita que prometi
fazer ao meu amigo César Pelim. Tinha andado poucas centenas de metros,
quando passou um novo táxi, que eu ocupei, indicando ao motorista esta sua
morada.” “As
joias que me foram roubadas possuíam, como já disse, um enorme valor. Peço,
por isso, que, se o senhor não puder apanhar o ladrão, consiga ao menos
provar o roubo, para que a companhia seguradora não me negue o dinheiro do
seguro.” Marcos
Dias ouvira estas declarações, sem deixar de olhar furtivamente as revistas
que olhara de lado, para mais atenciosamente atender o seu consulente. Foi
tanta a sua atenção que, momentos depois, havia solucionado o caso! E tão a
seu contento que loqo telefonou à Polícia Judiciária… Terminado
o caso, e já sem ligar à chuva miudinha que continuava a cair, o detective
resolveu dar uma saltada até ao CLUBE DO ARANHIÇO, para contar o caso aos
seus amigos, que em seguida não lhe regatearam as felicitações a ele devidas
por mais um triunfo na luta contra o crime. Pergunta-se:
Qual terá sido a solução que o detective expôs aos seus amigos? |
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© DANIEL FALCÃO |
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