Autor Data 11 de Outubro de 1992 Secção Policiário [67] Competição Prova nº 1 Publicação Público |
NO SILÊNCIO DA NOITE!... Jartur Mamede Sem um ai, sem um suspiro, um corpo caiu no chão!... E ouviu-se soar um tiro, no meio da escuridão. Ouviu-se o motor dum carro,
e as rodas sobre o asfalto, deixando marcas de barro, quando o carro deu um salto. Ninguém viu, ninguém ouviu,
ninguém soube contar nada… Polícia logo surgiu, e deu com a morta gelada. Tinha sido estrangulada, e estava semidespida, com a blusa rasgada e a cuequinha descida. Mas não fora violada, por quem lhe tirara a vida, nem a carteira roubada, pois estava no chão caída. Nem sequer uma pegada, nem pistola, nem canhão… Só uma bala encontrada, e o seu cartucho, no chão. A Polícia inspecionou tudo em volta, com cuidado, julgando que quem matou pudesse ter-se ocultado. Na carteira da finada, tudo fazia sentido. Estava bem documentada e tinha o nome do marido. Logo aquele procurado, estava a ver televisão, bem vestido e acordado, à espera da Conceição. Que saíra há meia hora, para ir à casa da mãe. – Foi-se embora, porta
fora, sem dizer nada a ninguém. Ao saber que o corpo fora numa ruela encontrado, deu um berro: – Essa agora!... E ficou aparvalhado. Refez-se, abrindo a janela,
e disse já de pistola: – Se foi o amante dela, eu dou-lhe um tiro na tola. O inspector
perguntou, raciocinou, concluiu, e depois adiantou: – Se foi ele, já fugiu!... E ao sair, junto à garagem,
ouviu estalidos e um miado. E um gato da vadiagem, viu sobre o “capot” deitado. E ao ditar o relatório, o inspector exclamou:
– Elementar! É notório, eu já sei quem a matou! Relê, leitor, estes versos e escreve a solução, analisando os diversos, pormenores de acusação!... |
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© DANIEL FALCÃO |
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