Autor

Joe Lance

 

Data

7 de Novembro de 1987

 

Secção

Sábado Policiário [96]

 

Publicação

Diário Popular

 

 

AJUSTE DE CONTAS

Joe Lance

 

Quando ÉFE Mendes entrou no desalinhado quarto de pensão, habitado pela vítima, reconheceu-a imediatamente – tratava-se do famoso «Mão Leve», que chefiara a quadrilha que assaltara o banco cujo produto do roubo nunca tinha aparecido. Observando a face do cadáver, ÉFE notou que, do lado esquerdo, cercando um orifício de bala, havia uma queimadura provocada por pólvora. No quarto do morto, cujo mobiliário era apenas constituído por um divã, que se encontrava encostado à parede situada frente à porta, estavam dois antigos companheiros do «Mão Leve», o «Matacão» e o «Delicadinho».

A porteira, que também se encontrava no local, afirmou que só eles dois tinham entrado no prédio depois de o morto ter regressado a casa, e que todos os outros moradores tinham saído antes disso.

Observando com atenção o cenário do crime, ÉFE constatou que, para além dos sapatos do morto, no chão, nenhum outro objecto te encontrava no quarto, que deveria ter servido apenas como refúgio do bandido.

O detective começou por ouvir aquele que, oriundo de boas famílias e com falas afidalgadas, tinha recebido o nome de guerra de «Delicadinho», e que era conhecido no mundo do crime pelas extravagantes burlas que praticava, sem que alguma vez fosse capaz de tirar a vida a alguém.

Sr. detective, devo dizer-lhe que estou inocente. Vim a casa do «Mão Leve» perguntar-lhe se ele sabia de alguma velhota rica que necessitasse da minha administração para os seus bens. Quando cheguei encontrei o «Mão Leve» deitado na cama. Aproximei-me dele e verifiquei que estava morto. As nossas relações sempre foram as melhores.

Em seguida, falou o «Matacão»., que tinha ganho esta alcunha devido à sua robusta compleição e ao modo abrutalhado como se exprimia.

– Este tipo até depois de morto me dá problemas. Há menos de uma hora recebi um telefonema dele, pedindo-me para aparecer aqui. Disse que ia mostrar o lugar onde tinha escondido a «massa» que tínhamos fanado.

– Quando chegou, onde é que ele estava? – perguntou ÉFE.

– Onde está agora, morto em cima da cama. Eu nem passei a porta, para evitar meter-me em mais sarilhos.

A porteira confirmou ao detective que tinha visto o «Malacão» subir as escadas e permanecer de costas alguns instantes, junto à porta do quarto, o que não invalidava que tivesse disparado para o seu interior, sem ela ouvir o tiro, raciocínio que era confirmado por a arma do «Matacão» estar equipada com um silenciador.

ÉFE pensou dez segundos e, sem qualquer outro interrogatório ou investigação apontou o assassino.

Cabe-lhe a si, leitor, dizer quem foi o assassino apontado por ÉFE Mendes e quais os motivos que o levaram a fazer essa acusação.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO