Autor Data 9 de Junho de 2021 Secção Policiário [75] Competição Torneio do Centenário do Sete
de Espadas Prova nº 5 – B Publicação Sábado [893] |
UM FATO PARA O ENTRUDO L&L A
data do cortejo aproximava-se e cada um estava ocupado na feitura do melhor
disfarce, para poderem brilhar no desfile. Todos
se afadigavam para que o divertimento acontecesse e o André, no canto da
arrecadação, situada no extremo de um pátio de boas dimensões, onde se
erguiam quatro esplêndidas figueiras que faziam as delícias de todos por
produzirem uns figos doces e suculentos, longe dos olhares, ia aprontando o
fato com que iria participar. Do
outro lado do pálio, ficava a casa, uma mansão enorme, com muitas janelas
alinhadas em dois pisos, para onde davam, no piso de baixo, as salas e
biblioteca e, no piso de cima, os quartos, tantos que até cansava contá-los. O
dia estava soalheiro, mas o frio apertava, com um vento gélido a soprar da
serra, quando o André deixou a companhia da Rita e do Afonso, para dar mais
uma saltada à arrecadação e fazer mais uns ajustes na sua vestimenta. O
grito ecoou pelo pátio e estendeu-se pela serra longínqua, alertando os
residentes, que acorreram à arrecadação de onde os gritos vieram. O
André estava destroçado. Apesar de não gostar da época e dos festejos, pôs
uma grande parte de si na execução da vestimenta e agora nem queria acreditar
no que via: o fato rasgado, cortado com uma faca ou instrumento ainda mais
cortante, completamente irrecuperável. A
Rita e o Afonso chegaram muito rapidamente. Muito mais tarde, apareceu o
Daniel com a Camila, perguntando a razão de tanto barulho e a gritaria. A
Rita revelou que não fazia a mínima ideia de que o André estava a preparar um
disfarce, até porque sabia que ele não gostava dessas coisas. Acabou
por confessar mais tarde que já lá tinha ido espreitar porque da janela do
seu quarto viu o André entrar e sair algumas vezes da arrecadação e teve
curiosidade, mas não fez nada de mal, só viu, nada mais. O
Afonso disse que não imaginava o André numa dessas e só acorreu porque veio a
seguir a Rita, que estava com ele na sala, na altura dos gritos. Não sabia
nada. O
Daniel começou por meter os pés pelas mãos, mas acabou por confessar que o
nervosismo era por estar a namorar com a Camila na biblioteca e nem ele nem
ela queriam que se soubesse. Revelou que não tinha feito nada, nem sabia que
o André estava a fazer aquilo. No
entanto, afirmou que viu da janela do seu quarto, que fica mesmo em frente da
porta da arrecadação, a Rita, logo após o almoço, esgueirar-se muito rente ao
edifício da arrecadação, com um objeto na mão parecido com um x-ato, mas não
conseguiu ver onde entrou por causa das copas das figueiras, mas como não a
viu continuar, quase de certeza que entrou na arrecadação. Não a viu sair
porque foi ter com a Camila. A
Camila corroborou o namoro escondido, mas negou que soubesse que o André
estava a fazer o disfarce na arrecadação, até porque tinha quase a certeza de
que ele não ia fazer nada. Ficou surpreendida… O
André respirou fundo e disse: sei quem foi. Estou dececionado porque
trabalhei muito, mas também não adiantava mostrar-me com o disfarce, porque
não seria eu a usá-lo… A
– Foi a Camila. B
– Foi a Rita. C
– Foi o Afonso. D
– Foi o Daniel. |
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© DANIEL FALCÃO |
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