Autor Data 4 de Dezembro de 1980 Secção Mistério... Policiário [292] Competição Torneio
“4 Estações 80” | Mini D – Outono Problema nº 4 Publicação Mundo de Aventuras [373] |
UM CASO CHEIO DE ERROS… Lord Peter José
Jorge d’Almeida era um optimista e assim mesmo o
consideravam todos os que o conheciam; por isso mesmo talvez nunca tivesse
pensado em fazer testamento, pelo menos em fazer testamento com a idade que
tinha (48 anos). E foi nesta condição que as coisas estavam, do ponto de
vista legal, quando faleceu, melhor dizendo quando foi assassinado. Tinha
sido mesmo assassínio e eu estava presente pois já nessa altura, a 12 de
Janeiro de 1978, a minha experiência em casos desta natureza, se sobrepunha à
de alguns «profissionais»… Assim, fui encontrar o
corpo na sala de leitura da opulenta mansão. Tinha recebido uma bala em pleno
coração e a morte tinha sido instantânea. Industrial
brasileiro riquíssimo, José Jorge d’Almeida estava há bastantes anos radicado
em Portugal; com ele viviam os seus três únicos familiares, três sobrinhos
que viviam às suas custas: José Luís, de 23 anos; João Jorge, de 20 anos; e
António Paulo, de 28 anos. Depois
de ter verificado que os criados da casa, pela sua antiguidade e pela amizade
que há longos anos vinham mantendo com o patrão, estavam fora de qualquer
suspeita tive de esperar ainda duas horas pelos herdeiros universais de José
Jorge d’Almeida que não se encontravam presentes quando da tragédia; um
deles, então, muitas mais horas, pois estava até, fora do país, em viagem
segundo se dizia. Todos três possuíam uma chave para livre entrada na mansão.
Horas depois (muitas!) ouvi os seus depoimentos e eis aqui a transcrição: José
Luís – Estou bastante abalado com a notícia; gostava bastante do tio José e,
além disso, ele era tão novo… – Interrogado acerca de onde estivera,
respondeu: – Saí e fui à livraria comprar o livro «A Capital», de Karl Marx,
de que alguns amigos me tinham falado; demorei mais porque vim a pé para casa
e devagar. António
Paulo – Foi uma perda irreparável; era um homem tão bom. Eu estava na
Argentina, em Córdoba, e assim que soube da notícia vim logo, de avião. Na
verdade o clima estava lá, tal como aqui, frio e desagradável. João
Jorge – Não consigo imaginar quem terá feito aquilo a meu tio; decerto não
imagina que tenha sido eu; saí e fui à discoteca comprar um disco de ópera que me tinham indicado «O Lago dos Cisnes», de Bach.
Todos
os depoimentos pretenderam ser confirmados: o de José Luís, pela empregada da
livraria; o de António Paulo, pelo bilhete de avião que apresentou; e o de
João Jorge, pelo empregado da discoteca. Em
seguida fui para casa meditar e descobri não só o provável assassino como
também uma série de erros… Assim,
pergunto: 1
– Quem era o provável assassino? 2
– Porquê? Quais os erros que descobri? |
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© DANIEL FALCÃO |
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