Autor

Lorek

 

Data

9 de Dezembro de 1976

 

Secção

Mistério... Policiário [91]

 

Competição

Torneio "Primeiro Passo Deductivo"

Problema nº 6

 

Publicação

Mundo de Aventuras [167]

 

 

PROCESSO 1329 – SECÇÃO A

Lorek

 

Guarda, 20 de Fevereiro de 1976.

Fazia um frio de rachar. Nevava com intensidade. Subitamente, na esquadra da P. S. P. desta cidade, retiniu o telefone. O chefe de serviço atendeu e ouviu o que lhe diziam do outro lado da linha.

– Houve mesmo agora uma morte na Rua H, n.o X – informou a voz, acrescentando: – Presume-se que seja assassínio…

– Já anotei a morada. Dentro de momentos estarei aí… acompanhado pelo mais brilhante investigador da Judiciária – prometeu o graduado.

Desligou, lançando um piscadela em direcção de Vítor Barros, inspector da Polícia Judiciária do Porto, acidentalmente nesta localidade.

Amigos de longa data, desde quando ambos se alistaram na corporação e frequentaram a escola de recrutas; o Barros «trepara», ele quedara-se ali, mas isso não abalara a sólida amizade que os unia. Visitavam-se com frequência, sempre que o permitia a distância existente entre as cidades onde agora residiam.

O inspector Vítor Barros olhou o relógio. Eram 10 horas da manhã. Talvez houvesse possibilidade de «desenrascar» rapidamente o assunto que originara o telefonema recebido e regressar ao Porto ainda nesse dia. Não custava nada tentar… O amigo ficar-lhe-ia grato…

A vítima era o conhecido e abastado industrial, senhor «Z». Uma bala passara-lhe pela órbita esquerda, provocando morte instantânea, segundo o médico legista.

Após rápida investigação, Vítor Barros apurou três principais suspeitos, todos herdeiros do falecido: «K», funcionário público, solteiro, espírito independente, razoáveis meios de vida; «W», gerente bancário, casado, com um filho, rico, muito colérico e impulsivo; e «Y», advogado em princípio de carreira, solteiro, com grandes oscilações financeiras.

Visitando o primeiro, Vítor Barros recebeu o seguinte depoimento: «Era grande amigo do morto, mas não sabia que estava incluído entre os herdeiros. Ainda não tinha saído de casa, preparando uns assuntos que tencionava ir tratar ao Porto, depois de almoçar».

O inspector Barros perguntou-lhe se sabia onde morava «W» e «K» prontificou-se a levá-lo até lá. Na rua, um pouco afastado da porta de sua casa, estava o magnífico carro de desporto de «K», no qual o investigador se sentiu «oprimido», não só pela pressão resultante do imediato arranque, que o deixou «colado» ao fundo e costas do assento, mas, de igual modo, pela mirabolante «gincana» efectuada pelo condutor.

Em casa de «W», o inspector teve oportunidade de apontar na sua agenda: «Estava com parte de doente e por isso foi possível encontrá-lo ali a tal hora. Também este se mostrou muito espantado pelo facto de ser herdeiro de «Z». Pediu, muito assustado, que não fosse mencionado o seu nome no caso, assegurando que era completamente estranho ao mesmo, e argumentou que a sua carreira profissional poderia ser afectada com isso – talvez até demitido».

De tal maneira «W» parecia amedrontado que Vítor Barros o deixou entregue às suas conjecturas. Ao sair, porém, reparou que junto à porta da rua se encontravam uns sapatos enlameados, os quais soube pertencerem a «W».

Pouco depois, no escritório de «Y», ao interrogá-lo, o inspector Barros colheu as seguintes informações: «Tinha acordado cedo e às 9.30 em ponto chegara ao escritório. Ali estivera desde então, a atender os seus clientes, facto confirmado pela sua secretária. Era amigo íntimo da vítima, mas nunca esperou ser seu herdeiro».

Ao ser inquirido se, como advogado e amigo de «Z», alguma vez este lhe confidenciara algo que estivesse em desacordo com a Lei, «Y» negou-se a admitir tal hipótese, porquanto, segundo argumentou, não poderia revelar segredos profissionais.

 

Mais tarde, na esquadra local, enquanto trincavam umas sandes que faziam de almoço, o inspector Barros transmitiu ao seu amigo chefe quais os resultados obtidos junto dos suspeitos que inquiria. Entretanto, ambos analisavam e comentavam os apontamentos contidos na agenda daquele…

De súbito, Vítor Barros deu uma palmada em cima da secretária, fazendo tilintar as garrafas de cerveja que ali se encontravam… E, pouco depois, regressou ao Porto, após ter dado instruções no sentido de ser preso um dos declarantes… Afinal, tudo fora simples e rápido; conseguira o seu objectivo…

 

PERGUNTA-SE:

1 – Quem foi o criminoso?

2 – Porquê? (Exponha o seu raciocínio.)

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO