Autor Data 2 de Julho de 1992 Secção Policiário [2] Publicação Público |
O INSPECTOR FIDALGO INVESTIGA Luís Pessoa Eram 17 horas. O sol
brilhava e a tarde estava mais convidativa para um mergulho no mar que para
ir para o trabalho. Mas o inspector Fidalgo sabe
que a vida é assim mesmo e dirige-se para a Judiciária. Foi ao estacionar o
carro que ouviu dois tiros e correu para o prédio de onde parecia terem vindo
os disparos. Subiu ao 1.º andar e deparou com um velho deitado no solo,
ensanguentado no peito, morto! Dois tiros em pleno peito. Em frente dele, um moço de
17 ou 18 anos, segurava uma pistola e, de repente, dois homens irromperam
pelo compartimento. Ficaram estáticos por alguns momentos, logo se atiraram
sobre o jovem, gritando: Assassino! Assassino! A custo, o inspector conseguiu separá-los e iniciar o interrogatório. Rapaz: “Não sei nada… Ouvi
tiros e vim a correr. Vi a pistola e peguei-lhe. Só a apanhei, não a
disparei… Não sou nenhum assassino.” Primeiro homem: “Eu já
sabia que esse malandro o ia matar. Sabe, ele é sobrinho do velho e andava
sempre a pedir-lhe dinheiro, mas o velho mandava-o dar uma volta… Era de
prever! Sabe, eu venho agora mesmo do banco ali ao fundo da rua, onde fui
levantar um cheque do velho, para dar o dinheiro a esse estroina. Foi o azar
do velho eu não estar em casa, mas é incrível, porque não me ausentei mais de
15 minutos… Assassino, aproveitaste bem o tempo!” Segundo homem: “Eu fui à
farmácia comprar um medicamento para o meu tio, mas esqueci-me do nome e
vinha perguntar-lhe. Foi já nas escadas que encontrei o meu irmão. Já não
vinha a casa desde as 16 horas, mais ou menos… Sabe, tenho estado no café a
conversar e o tempo vai passando… Só quando me lembrei outra vez do
medicamento é que o quis ir comprar, mas o nome varreu-se-me da memória e… Depois é o que já sabe!” Com mais algumas perguntas,
o inspector soube que o tio se preparava para fazer
o testamento em nome de um dos sobrinhos, mas nenhum deles parecia saber em
nome de quem. O testamento que existia contemplava os três sobrinhos por
igual. Mas é claro que o inspector já tinha a ideia segura sobre quem fora o
culpado: A – O culpado foi o rapaz
porque sabia que ia ser prejudicado na herança e ficou com a arma nas mãos
para disfarçar. B – O culpado foi o rapaz
porque ficou em estado de choque, como ficam muitos assassinos ao ver o que
fizeram. C – O culpado é o primeiro
homem porque não podia ter ido levantar um cheque do tio ao banco. D – O culpado é o segundo
homem porque não tem pés nem cabeça que saia de casa para ir comprar um
medicamento e se esqueça do nome. |
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© DANIEL FALCÃO |
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