Autor

Luís Pessoa

 

Data

17 de Junho de 2001

 

Secção

Policiário [518]

 

Competição

Campeonato Nacional e Taça de Portugal – 2001/2002

Prova nº 1

 

Publicação

Público

 

 

O INSP. FIDALGO E O BOM MALANDRO

Luís Pessoa

 

Desde há muito tempo que o Inspector Fidalgo mantinha com o Papuça uma relação de gato e rato. Não que o Papuça fosse um tipo complicado, difícil ou particularmente perigoso, nada disso, mas a sua sagacidade ia evitando que o Inspector Fidalgo o apanhasse em flagrante, apesar dos delitos que ia cometendo.

Mas um dia aconteceu.

Uma tarde, quase noite, com as luzes artificiais a iniciarem a sua aparição, o Inspector Fidalgo ia calmamente ao volante do seu Opel, numa condução despreocupada, ouvindo uma das suas músicas preferidas, debitada pela voz rouca e inconfundível de Leonard Cohen, quando por ele passou um carro igual, conduzido de forma inacreditável, passando tangentes e rodando a grande velocidade.

Num relance, vislumbrou o Papuça ao volante, sorridente – diria mesmo, desafiador! Roubara a viatura, certamente!

Rapidamente, o Inspector Fidalgo accionou o aviso sonoro e pôs-se na peugada do malandro.

Foram algumas curvas para cá, outras para lá, mas o malandro do Papuça não perdia um milímetro para o Inspector. Mais, dava-se ao luxo de assinalara para onde ia, com os piscas, por provocação ou por hábito, vá-se lá saber!

Repentinamente, Papuça fez o pisca para a direita e cumpriu religiosamente, fazendo a viatura deslizar para esse mesmo lado, mas em vez de seguir em frente, continuou a rodar; estacionando em espinha, ali mesmo. Era o sítio ideal porque havia perto vários carros iguais, nunca seria encontrado! Rapidamente desligou totalmente a ignição. Lembrou-se de que tinha lido um problema policial em que o bandido era apanhado porque deixava o pé direito a pressionar o travão e por isso assinalava a sua presença com o acender dos “stops” e logo retirou os pés dos pedais, ao mesmo tempo que baixava a cabeça. Não ia ser apanhado!

Ficou siderado quando ouviu bater no vidro e, ao levantar a cabeça, viu a cara sorridente do Inspector Fidalgo fazendo-lhe sinal para saltar para fora!...

O que se pede aos “detectives” é que decifrem este enigma e ajudem o Papuça a descobrir como é que o Inspector deu com ele tão rapidamente e sem hesitações.

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO