Autor Data Julho de 1979 Secção Enigma Policiário [40] Competição Taça
de Portugal em Problemas Policiários e Torneio Paralelo 5º Problema Publicação Passatempo [72] |
Solução de: MORTE PARA UM TIRANO Mário Campino O
problema, essencialmente «técnico-científico», poderia desenvolver um tratado
sobre venenos e sua aplicação. Não
é praticável ir tão longe. A
questão resume-se em conhecer qual o veneno que ingerido no mesmo alimento
(salada) pelo coelho e pelo homem tem a propriedade de conceder a vida a um e
a morte a outro. A
sintomatologia verificada na morte do tirano rei,
aponta-nos para um veneno à base de atropina (diminuição de acuidade visual, medriase, secura na boca – dificuldade de deglutição –
rigidez de membros, delírio, coma…): a atropina. Não
eram naqueles tempos as ervas ou plantas (conhecidas) que continham essa
substância. Eram usadas em espécie
para os mais díspares preparos de magia ou bruxaria, envenenamento, remédio,
porque se ignorava a extracção da essência. Entre
tais sobressaía a mandrágora propriamente dita e a beladona, conhecida então
por mandrágora do monte, por ter os efeitos daquela, mas muito mais fortes.
Só que também existe entre elas mais uma analogia – ambas podem ser ingeridas
pelo coelho, sem prejuízo deste, sendo mortal para o homem; e uma diferença
muito grande – a beladona é tolerada pelo coelho e não distinguível pelo
homem (daí a razão de muitos envenenamentos por acidente) ao contrário da
mandrágora cujo sabor é amargo e tão mal cheirosa que se torna reconhecível
por ambos. A
conclusão é lógica: envenenamento por beladona! De
resto, a própria bandeira – «coelhinho branco sobre um feixe de mandrágoras
do monte» – contém a «chave» indirecta do problema! Ao
referir-se a mandrágora está a referir-se a beladona, nome aquele por que,
repete-se, era conhecida a beladona – «Strychnos,
mandrágora, erva-moura, furiosa e mortal». Alguns
concorrentes indicaram que o coelho por instinto comeu a alface e evitou a mandrágora.
Correcto. Simplesmente, pelo sabor e cheiro desta, seria igualmente evitada
pelo rei. |
© DANIEL FALCÃO |
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