Autor

Márvel

 

Data

10 de Maio de 1959

 

Secção

Na Pista do Culpado [1]

 

Competição

Torneio de Abertura

Problema nº 1

 

Publicação

Ordem Nova

 

 

A MORTE DO CINEASTA

Márvel

 

Rodrigo Vieira, conhecido produtor cinematográfico, possuía uma fortuna elevadíssima. Contudo, o facto de ser milionário e de se saber bem considerado entre a melhor sociedade da Capital, não o levava a abdicar dos gostos simples, costumes sóbrios e trato afável para quem quer que fosse, que lhe eram característicos.

Vivia num apartamento despretensioso na companhia de Daniel, um parente pobre e afastado que protegia, e de Alfredo, o criado.

E Rodrigo Vieira, aquela figura saliente dentre a massa heterogénea de cidadãos, foi assassinado naquela tarde de Agosto, revoltando todos os que tiveram conhecimento do vil atentado.

Para a polícia tudo começou com um telefonema:

– Venham depressa à rua X., n.º X. Mataram o senhor Rodrigo Vieira!

– Quem fala?

– Sou o criado. Não demorem. Sei quem o matou.

Evidentemente, as autoridades não perderam tempo. E quando chegaram ao local breve se certificaram da veracidade do telefonema.

O Inspector Mário Góis voltou-se para o criado e perguntou:

– Você disse no telefonema que sabia quem foi o assassino. Quem foi então?

Perto do servo estava Daniel, para quem Alfredo olhou, receoso, e apontou.

– Foi o senhor Daniel.

– Eu? O homem é doido! – protestou o acusado.

– Vá, calma. – adveio Mário Góis. – Como é que sabe que foi este senhor?

– Fui eu que descobri o corpo. – explicou – O meu amo ainda vivia, e pôde balbuciar: «– Foi Daniel… Avisa … polícia…» - Foi o que fiz.

– Este homem mente. – gritou Daniel – Estive toda a tarde fora, e só há pouco cheguei.

– Bem, bem. Tudo se esclarecerá. – prometeu Góis.

Mais tarde foi-lhe apresentado o relatório médico: «Morte instantânea, ocorrida meia hora antes da chegada da polícia e provocada por um tiro disparado por pistola provida de silenciador».

– «Ele mentiu – disse o inspector para o ajudante. – Vamos lá metê-lo na gaiola.

 

PERGUNTA-SE:

– Quem mentiu?

– Porque o afirma?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO