Autor Data 24 de Maio de 1959 Secção Competição Problema nº 3 Publicação Ordem Nova |
UM CADÁVER NO MATAGAL Márvel Sem se apressar, o Inspector Mário Góis desceu no apeadeiro de Torrejana.
Olhou em volta. Viu um tosco banco encostado à parede do abrigo e perto um
funcionário dos Caminhos de Ferro. Dirigiu-se-lhe. – Boa tarde. Podia dizer-me
onde é a «Vila Martinha»? – A «Vila Martinha»? Ora
deixe ver… Ah! Sim. A casa do «sôr» Costa. Isso
ainda fica a uns bons quilómetros. – Não há um meio de
transporte que me leve lá? – Haver, há, mas os carros
estão todos de serviço. O polícia viu as horas. – Isso é mau. Já estou
atrasado… – Pode ser que não demorem.
Olhe, aí vem um. De uma curva do caminho,
acabara de desembocar um veículo antiquíssimo, puxado por dois cavalos. – Isto é que é «carro»? – surpreendeu-se Góis. – Pois então, que esperava?
Um «automóbele»? Cá nas redondezas não há nenhum. – Está bem, obrigado. Acercou-se do cocheiro e
combinou com ele transportá-lo à «Vila Martinha». Enquanto falavam, o Inspector admirou os cavalos que estavam folgados. Preparava-se para ocupar o
assento destinado aos passageiros, quando de um matagal se elevaram gritos de: - Ai o «Joge da Torta» está
morto! Ai o «Joge da … » Rapidamente, Mário Góis
saltou para o solo e correu para o local. Um homem fugia a correr gritando
sempre. Alcançando-o, convenceu-o a mostrar-lhe o morto. E lá o encontrou,
esfaqueado… – Sabe o que foi isto? – perguntou o Inspector. – Não, não sei nada. Vinha
do trabalho e por acaso vi isto. – Encontrou alguém? – Não… sim, este aqui. – referia-se ao cocheiro que se aproximara. – Pareceu-me que
vinha com o carro deste sítio e meteu por um caminho lateral. – Qual! Não estás bom da
cabeça. Se eu estava agora mesmo com este senhor… – Mas não foi agora que te
vi. Foi há bocado, quando ainda vinha lá atrás. – Não, não. Aqui há
confusão. Se eu nem passei por aqui… Acabo de galopar oitenta quilómetros, de
Rioverdeano até aqui. E por estes sítios não é o
caminho. – Pois não. Talvez te tenha
confundido com o Joseca. Mário Góis, que até aí se
limitara a ouvir, interveio: – Não confundiu, não. O
senhor esquece uma coisa que acaba de o perder. PERGUNTA-SE: – O que esqueceu o
cocheiro? |
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© DANIEL FALCÃO |
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