Autor

Márvel

 

Data

5 de Julho de 1959

 

Secção

Na Pista do Culpado [9]

 

Competição

Torneio de Homenagem ao Policiário Português

Problema nº 1

 

Publicação

Ordem Nova

 

 

QUEM FOI?...

Márvel

 

Quem foi0001A secção policial «QUEM FOI?...», publicada no “MUNDO DE AVENTURAS” é uma das rubricas mais populares entre os «sherlocks» Portugueses.  Tratasse de um autêntico viveiro de “novos valores”, que o seu orientador, Luís Correia, (Mister… Ioso), acarinha de uma maneira muito peculiar. Detém esta secção um recorde difícil de bater e mesmo igualar: nunca falhou a sua saída num número da revista desde que nela foi incluída, proeza que «NA PISTA DO CULPADO» também tem vindo a cometer. Lamente-se a remodelação por que vai passar – as soluções sairão conjuntamente com os problemas – que lhe retirará grande parte do seu interesse.

 

– Estou. É da polícia?

– Sim. Fala o Inspector Luís Correia.

– Daqui fala Manuel Gonçalves Quintino, inspector. Acabo de suportar um roubo importantíssimo.

– Bem, verei isso. Dê-me a sua morada.

Do outro lado do fio, a voz hesitou.

– É que… sei quem foi, mas não quero que seja preso. Ainda não disse nada a ninguém.

– Que pretende, afinal?

Como resposta, chegou-lhe aos ouvidos o estalido de um fone a pousar no descanso.

«– Um irreflectido – pensou Correia, desligando também».

Pegou na lista e percorreu com o dedo a página escolhida até deparar com: Quintino Manuel Gonçalves – Rua … n.º 147, – Telef. 30.721. Talvez mais tarde se resolvesse a entrar em contacto com o suspeito.

Eram 4 horas da tarde.

O cadáver de Manuel Quintino, grotescamente estirado perto do telefone, era a única nota anormal aposento. Nenhum pormenor do gabinete revelava que a vítima se houvesse defendido.

Apreciadas as declarações dos sete habitantes vivos da casa, Luís Correia, ou «Mister… Ioso» como os amigos lhe chamavam, resumiu tudo ao seguinte: a vítima subira ao seu gabinete às 15.30 e o corpo fora encontrado por Alcides, o criado, às 17 horas (a morte, instantânea, verificou-se às 16.30). Das 15.45 às 16.15, Mário, Vitório, Jonatas e Isabel entretiveram-se a jogar às cartas no “hall” ao fundo da escada, único acesso ao andar superior. Entre as 15.55 e as 16.05 Alcides estivera perto dos jogadores a servir bebidas frescas e a ver o jogo. De Jorge e Gabriel apenas se sabia que “andavam por aí” no rés do chão. Para a hora do crime sòmente Vitório Gabriel, Alcides e Jonatas não tinham álibi insuspeito. Vitório disse ter passeado pelas bordas do lago; Gabriel experimentara as suas habilidades no bilhar; Alcides entregara-se às exigências da sua profissão e Jonatas não podia precisar o que fizera.

Momentos depois, «Mister… Ioso» encontrava-se junto da mesa que os jogadores haviam ocupado. Sobre ela existiam dois baralhos empilhados. E teve uma ideia. Chamou dois dos seus auxiliares e mandou um procurar certo suspeito e o outro comunicar com a esquadra no intuito de saber algo sobre um possível cadastro que o suspeito que o outro agente teria de encontrar ali pudesse ter. E os três separaram-se, encaminhando-se Correia para o local do crime. O polícia que recebera ordem de procurar alguém teve de sair, pois essa pessoa não se encontrava em casa.  

 

– Ao descobrir que ele sabia que tinha sido eu, logo planeei a sua morte. Aproveitei um bom momento e ataquei-o de surpresa. Tenho a impressão que nem lhe dei tempo a perceber quem o atacou.

Com esta cínica confissão, um novo êxito se veio juntar aos muitos já colecionados por «Mister… Ioso» ao longo da sua carreira.

 

PERGUNTA-SE:

– Quem foi o culpado?

– Porquê?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO