Autor Data 5 de Julho de 1959 Secção Competição Torneio
de Homenagem ao Policiário Português Problema nº 1 Publicação Ordem Nova |
QUEM FOI?... Márvel
– Estou. É da polícia? – Sim. Fala o Inspector Luís Correia. – Daqui fala Manuel
Gonçalves Quintino, inspector. Acabo de suportar um
roubo importantíssimo. – Bem, verei isso. Dê-me a
sua morada. Do outro lado do fio, a voz
hesitou. – É que… sei quem foi, mas
não quero que seja preso. Ainda não disse nada a ninguém. – Que pretende, afinal? Como resposta, chegou-lhe
aos ouvidos o estalido de um fone a pousar no descanso. «– Um irreflectido
– pensou Correia, desligando também». Pegou na lista e percorreu
com o dedo a página escolhida até deparar com:
Quintino Manuel Gonçalves – Rua … n.º 147, – Telef.
30.721. Talvez mais tarde se resolvesse a entrar em contacto com o suspeito. Eram 4 horas da tarde. O cadáver de Manuel
Quintino, grotescamente estirado perto do telefone, era a única nota anormal
aposento. Nenhum pormenor do gabinete revelava que a vítima se houvesse
defendido. Apreciadas as declarações
dos sete habitantes vivos da casa, Luís Correia, ou «Mister… Ioso» como os amigos lhe chamavam, resumiu tudo ao
seguinte: a vítima subira ao seu gabinete às 15.30 e o corpo fora encontrado
por Alcides, o criado, às 17 horas (a morte, instantânea, verificou-se às 16.30).
Das 15.45 às 16.15, Mário, Vitório, Jonatas e Isabel entretiveram-se a jogar
às cartas no “hall” ao fundo da escada, único acesso
ao andar superior. Entre as 15.55 e as 16.05 Alcides estivera perto dos
jogadores a servir bebidas frescas e a ver o jogo. De Jorge e Gabriel apenas
se sabia que “andavam por aí” no rés do chão. Para a
hora do crime sòmente Vitório Gabriel, Alcides e
Jonatas não tinham álibi insuspeito. Vitório disse ter passeado pelas bordas
do lago; Gabriel experimentara as suas habilidades no bilhar; Alcides
entregara-se às exigências da sua profissão e Jonatas não podia precisar o
que fizera. Momentos depois, «Mister… Ioso» encontrava-se junto da mesa que os jogadores haviam
ocupado. Sobre ela existiam dois baralhos empilhados. E teve uma ideia.
Chamou dois dos seus auxiliares e mandou um procurar certo suspeito e o outro
comunicar com a esquadra no intuito de saber algo sobre um possível cadastro
que o suspeito que o outro agente teria de encontrar ali pudesse ter. E os
três separaram-se, encaminhando-se Correia para o local do crime. O polícia
que recebera ordem de procurar alguém teve de sair, pois essa pessoa não se
encontrava em casa. – Ao descobrir que ele
sabia que tinha sido eu, logo planeei a sua morte. Aproveitei um bom momento
e ataquei-o de surpresa. Tenho a impressão que nem lhe dei tempo a perceber
quem o atacou. Com esta cínica confissão,
um novo êxito se veio juntar aos muitos já colecionados por «Mister… Ioso» ao longo da sua carreira. PERGUNTA-SE: – Quem foi o culpado? – Porquê? |
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© DANIEL FALCÃO |
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