Autor

Márvel

 

Data

19 de Julho de 1959

 

Secção

Na Pista do Culpado [11]

 

Competição

Torneio de Homenagem ao Policiário Português

Problema nº 3

 

Publicação

Ordem Nova

 

 

FORA DA LEI!...

Márvel

 

Digitalizar001001Quem regularmente consultar a secção policial «FORA DA LEI!...», verificará a assiduidade com que alguns dos mais conhecidos e valorosos «sherlocks» nacionais, colaboram nas suas colunas. É a página da «élite policiária», por excelência. Não admira, pois, que os seus Torneios sejam ardorosamente disputados e de boa categoria os trabalhos que apresenta, para o que muito contribui o excelente critério do orientador, Carlos Paniágua Fèteiro.

 

Naquele entardecer, Paniágua Fèteiro achava-se de visita ao seu amigo e ex-colega da tropa Marcolino Fonseca, actualmente Insp. da Judiciária. Encontrava-se no gabinete desde há ainda muito tempo, quando o telefone veio recordar a Fonseca que era insp. da polícia: um joalheiro queixava-se de um assalto que sofrera e pedia a sua comparência.

  Poucos minutos depois chegavam a uma joalharia recém-aberta, perto da esquadra. Atendidos pelo próprio roubado, o Inspetor e Paniágua foram conduzidos a um espaçoso escritório de sobrado cuidadosamente encerado. Paniágua foi o único que não se esqueceu de limpar os pés no áspero tapete de pêlo antes de entrar.

– Quer contar-me tudo desde o começo? – aborreceu-se o polícia, atalhando as atabalhoadas explicações do joalheiro.

Este acenou repetidas vezes com a cabeça.

– Sim, é melhor. Foi assim: Como de costume o estabelecimento fechou às 7, os empregados foram embora e eu vim para este escritório conferir as contas do dia. Estava perto desta secretária aqui ao fundo, quando senti que alguém mais estava na sala. Não tive tempo de me voltar. Apanhei uma pancada violentíssima na cabeça e fraquejei, perdendo os sentidos. Devo ter sido atacado com aquele trofeu ali no chão. (Apontou para uma taça de tamanho regular e pedestal de oito faces pontiagudas que se via caída.) Fez-me um belo “galo”. Quando voltei a mim, encontrei-me estendido no solo, de bruços, com o tapete a servir de travesseiro. Estive desmaiado meia hora, como vi pelo relógio. Tomado de um pressentimento, levantei-me e fui à loja. Ao certificar-me de que tinha sido roubado, avisei imediatamente os senhores.

O Inspector foi até junto da porta e espreitou para o estabelecimento com mais atenção do que quando por ele passara. Estava tudo bastante desordenado.

– Calcula de quanto foi o seu prejuízo?

– Sim, já fiz um inventário aproximado. A firma foi lesada numa quantia entre 115 e 120 contos.

– O que foi roubado estava no seguro? – perguntou Paniágua.

No rosto branco e liso do homenzinho, apareceu uma nuvem de tristeza.

– Não. O imbecil do meu sócio sempre se opôs…

– Bem. – fez Paniágua. – O caso não é difícil. Resta perguntar a este senhor os motivos que o levaram a colocar-se fora da lei…

 

PERGUNTA-SE:

– Porque acusou Paniágua o joalheiro?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO