Autor

Márvel

 

Data

20 de Setembro de 1959

 

Secção

Na Pista do Culpado [19]

 

Competição

Torneio de Homenagem ao Policiário Português

Problema nº 11

 

Publicação

Ordem Nova

 

 

TERTÚLIA DO C.L.P. NO PORTO

Márvel

 

Um grupo de «sherlocks» portuenses teve a ideia, a todos os títulos louvável, de formar a «Tertúlia do C.L.P. no Porto», uma vantagem incontestável para a expansão do género Policiário. Sabemos que nos últimos tempos a actividade tem estado parada por razão da quadra de férias que atravessamos. Fazemos votos por que seja esse o único motivo e que terminado o período referido, a «Tertúlia» volte a desenvolver a sua acção em prol da Causa. 

 

Acabada a reunião directiva, a conversa recaiu em assuntos pessoais e correntes. «Elima», que assistira ao grane jogo da tarde, serviu-se disso para conseguir o tema de conversa mais original:

– Vocês sabem o que houve no futebol?

– Ora, quem não sabe, disse «Carlos Manú» com desdém. – Houve tareia da grossa.

– Não me referia a isso, mas sim a uma coisa que aconteceu comigo. Ora ouçam:

«Eu estava sentado numa clareira da superior. Dois sujeitos, rapazes da vida moderna – a um deles escapava-se-lhe do cabelo, exageradamente brilhante, um odor só comparável ao exalado pelo toucador de uma mulher elegante – sentaram-se perto. Passou um vendedor de capacetes de papel de seda, contra o sol, e eles compraram um para cada que colocaram. Nos intervalos discutiram acerca do dinheiro que tinham consigo, e o companheiro do de cabelo brilhante, exibiu uma nota de mil, que tornou a guardar. O outro, pouco depois, conseguiu tirar-lha do bolso sem ele pressentir e meteu-a na aba interior de cartão do seu capacete. Em seguida perguntou ao amigo se estava seguro de a ter consigo. O outro rebuscou bem os bolsos, e, claro, nada encontrou. Quando compreendeu o que sucedera, começou a revistar o parceiro, acabando por desistir dizendo como cómica ameaça que «logo que o jogo acabasse…». Perto do fim do encontro, como sabem, deu-se o sarilho provocado pelos espanhóis, e, talvez por via disso, o jovem que «roubara» a nota sentiu-se mal e perdeu os sentidos. O capacete caiu-lhe. Eu fui dos que o transportaram ao posto médico e não me lembrei do precioso capacete. O mesmo não se deu com o desmaiado, que, ao recobrar o conhecimento – o que se deu logo que chegou à enfermaria – perguntou imediatamente por ele. Um dos assistentes que o haviam acompanhado até ali, entregou um capacete – que tinha como únicos sinais de uso os cordões atados e o papel um tanto amassado – dizendo que o recebera das mãos de outrem para o entregar ao desmaiado. Se bem que achasse isso de pouca importância, assim fizera. Que pensam vocês disto?»

«Elima» calou-se. Os outros não responderam logo.

– Parece que não foste lá muito abundante de pormenores – queixou-se «Jofer».

– Nada disso. Tem tudo o que é preciso para chegar a interessantes conclusões.

– Bem – disse o Gustavo. – Eu prefiro esperar pela notícia nos jornais. Sempre terei mais dados.

– Hum! – Fez «Elima» com ironia. – Não creio. Vocês sabem que tenho uma imaginação regular, não é verdade?    

 

PERGUNTA-SE:

– A que conclusões chegou o «Sherlock» após a leitura do caso?

 

SOLUÇÃO

© DANIEL FALCÃO