Autor Data Fevereiro de 1982 Secção Enigma Policiário [66] Competições II
Volta a Portugal em Problemas Policiais e Torneio de Homenagem a Sete de Espadas 7ª Etapa | Lamego – Vila Real – Guimarães – Braga – Barcelos –
Famalicão – Porto Publicação Passatempo [89] |
Solução de: A 7ª FOLHA… Marvel O
verso das folhas em causa nunca poderia apresentar, pelo menos nas linhas
cimeiras, uma caligrafia «perfeita e fácil», condizente com o resto. Tratava-se
de um bloco de 200 folhas de papel normal – espessura média – já havendo sido
gastas umas 190 (restavam 3 ou 4 no bloco, 6 mais preenchidas, 1 cortada em
branco e 1 extraviada). Ora, para escrever no verso de cada folha sem a
arrancar, aproveitando-se ao máximo o papel, teria de empinar-se o bloco e
escrever sobre o apoio deixado pelas 190 já arrancadas, espaço esse feito de
elevações e depressões intermitentes. Impossível,
em tais condições, produzir uma letra «perfeita e fácil» ainda
para mais com uma esferográfica, que, é sabido, exige uma pressão de
que nos dispensa o uso, por exemplo, de um marcador. Aliás,
vencida a «cadeia» de depressões e elevações, o papel deixaria de ter apoio
ou recorreria ao do travessão cartonado que encima os blocos de apontamentos.
Não sendo esse apoio liso como o das folhas, a irregularidade manter-se-ia
viva na escrita. E,
todavia, sendo impossível esse rigor caligráfico, ele, comprovadamente
existia! A
explicação é só uma: Rui Manuel, preenchida a primeira página, arrancou a
folha do bloco, e, com toda a comodidade, preencheu a segunda, o verso da
folha, do mesmo modo preenchendo em relação às restantes. Ora, posto que
mentiu, afirmando que as tinha arrancado no início da sessão, a ele devem ser
pedidas as explicações da 7ª folha. De
resto, fáceis de conjecturar: Houve-se
da sua tarefa do modo descrito. Simplesmente, perdeu uma das folhas. Incapaz
de suportar a vergonha da denúncia do seu desleixo, resolveu consentir no
curso dos acontecimentos, esperançado em que o problema se resolvesse por si.
Note-se
que recusou ter utilizado qualquer outro objecto
que não a esferográfica, o que destrói a versão, possível de aparecer, de ter
utilizado um cartão liso, por exemplo, a acolchoar, a face de cada folha
enquanto escrevia no verso. Hipótese, aliás, já de si implausível pois que
podendo arrancar a folha e trabalhá-la tranquilamente não se justificava que
recorresse ao malabarismo descrito. Perante
Graça, simulou arrancar as folhas do bloco, quando, na realidade, arrancou
apenas a que lhe entregou em branco, a fim de construir o alibi do ruído do
papel cortado pelo picotado. |
© DANIEL FALCÃO |
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