Autor Data Julho de 1948 Secção Competição Problema nº 1 Publicação Altura – nº 14 |
A MALA DESAPARECIDA M. Constantino Três
homens esperavam no hall do Metropolitan de Nova York, Gable, o mais gordo
deles, olhava frequentemente para o relógio, enquanto que o mais alto, Moore,
fumava nervosamente cigarro após cigarro. Unicamente o terceiro, Holmes, homem pequeno e débil, mostrava completa
tranquilidade. Finalmente
o gordo, apontando para alguém que descia dum táxi em frente à porta do
grande hotel, gritou: -
Aí está Gordon! O
chamado Gordon, que chegava com uma mala na mão, depois de pagar o táxi,
encaminhou-se para os três homens que com tanta impaciência o tinham
aguardado. -
Realizei a venda – anunciou com ar triunfante. – Aqui na mala trago os 500
mil dólares. -
Agora – propôs Holmes – toca a depositar o dinheiro
no banco quanto antes. -
Infelizmente já não temos tempo – exclamou Gable,
mostrando o relógio – é meia hora e o Banco fecha à uma. -
Pois é uma grande maçada ter de conservar tanto dinheiro connosco até
segunda-feira! – Observou Moore. -
Realmente não é muito agradável – reconheceu Gable,
ao mesmo tempo que se metia no elevador com os companheiros – mas não há
outro remédio. Chegados
ao andar onde Gordon tinha reservado os seus aposentos, este despediu-se de
Moore, e Gable enfiou o braço no de Holmes e ambos se afastaram pelo corredor. Um
pouco mais tarde, quando desciam no mesmo elevador, Moore perguntou a Gable: -
Porque adiantaste o relógio até às 12.30, se ainda não era meio
dia e Gordon tinha tempo de sobra para chegar ao Banco? Gable franziu o
sobrolho, olhou para o moço do elevador e respondeu: -
Melhor seria que não quisesses saber tanto… *
* * *
* Naquela
mesma noite, quando um paquete ia entregar uma carta a Morgan, encontrou
aberta a porta dos seus aposentos. Entrou e viu o hóspede estendido no meio
do salão e sem vida. Chamada
a polícia, depressa ficou estabelecido que se tratava de um caso de
assassinato; também se verificou que a mala havia desaparecido. Interrogados
os três amigos do morto, soube-se que os 500 mil dólares que a mala continha
provinham da venda de uma propriedade que pertencera aos quatro. Também não
foi difícil a polícia descobrir que os quatro amigos não se davam bem. Praticada
uma busca nos seus aposentos, foi encontrada, no de Gable,
a carteira do assassinado. Apesar dos protestos do gorducho, que afirmava não
ter estado com Gordon depois da chegada deste ao hotel, foi preso. A suspeita
da Polícia, quanto a este, era reforçada pelas declarações do moço do elevador
que relatou a conversa que tinha ouvido entre Moore e o preso. Porém,
apesar de tudo, a mala não apareceu. A Polícia estava convencida de que se
achava ainda no hotel, pois sabia que nenhum dos três amigos de Gordon havia
saído do hotel depois de praticado o crime. Passaram
três dias sem que s e registasse qualquer novidade. Na noite do terceiro dia,
o polícia de serviço no hotel, surpreendeu uma sombra fugitiva que saía dos
aposentos de Gordon; intimou o intruso a parar e, não sendo obedecido,
disparou, ferindo o desconhecido que logo verificou tratar-se de Holmes. Revistado o ferido, encontraram-se-lhe no bolso
as chaves de Gordon que, pelo visto tinha ido buscar. Levaram-no para o
hospital e lá ficou sob prisão. Passaram
mais três dias, e como Gable, um dos detidos,
acusasse Moore de ter, em tempos, pretendido levar Holmes
a matar Gordon, acusação que foi confirmada pelo ferido, Moore foi, também,
detido como suspeito. Por
um feliz acaso, e quando menos se esperava, poucos minutos após a prisão de
Moore, foi encontrada a mala. Achou-se, metida num depósito de água, no sótão
do hotel. Tinha duas etiquetas coladas, uma das quais mostrava escrito o nome
de Gordon. Havia sido arrombada e estava vazia. Logo
que o inspector encarregado do caso examinou a mala,
afirmou peremptoriamente que já sabia quem havia
assassinado Gordon. Quem
era o criminoso, e em que se baseava o inspector
para afirmar que o tinha descoberto? |
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© DANIEL FALCÃO |
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