Autor

MIke Hammer

 

Data

Agosto de 1980

 

Secção

Enigma Policiário [53]

 

Competição

1º Grande Torneio de Fórmula Um Policiária e Torneio de Homenagem a Jartur

Problema nº 4 | Grande Prémio do Porto

 

Publicação

Passatempo [75]

 

 

Solução de:

UM ESPÍRITO METICULOSO…

Mike Hammer

 

É óbvio que Matilde era a criminosa. Porquê?

1º – Porque só a ela lhe interessava a morte da Marquesa e de D. Diogo, dado que assim herdaria o dinheiro da primeira. Se o crime fosse cometido pelo Dr. Schneider ou pelo insigne Moura, o assassínio de D. Diogo seria supérfluo, tanto por vingança ou ciúmes.

2º – O assassínio de D. Diogo mostra a intenção deliberada com que o assassino agiu. Como não se encontrava em casa D. Diogo, foi necessário prever (espírito meticuloso o do assassino) uma nova forma de proceder ao segundo crime. Sabendo do hábito de D. Diogo, sendo hóspede habitual da casa, nada mais fácil a Matilde, do que realizar o segundo envenenamento.

3º – Finalmente o facto de que só Matilde poderia conseguir a certeza que o seu autoenvenenamento a não prejudicaria. O Dr. Schneider comera bastante, e mesmo sabendo que o factor da idade o protegeria, por dificuldade de absorção, nunca poderia ter a certeza de sobreviver. O insigne Moura comera pouco. Ora se fosse o assassino era um erro de palmatória. Atrairia sobre si as suspeitas, pois era o único a ter a salvação assegurada, o que não se coaduna com um crime pré-planeado. Pelo contrário, o assassino teria todo o interesse em ser das pessoas menos suspeitas, logo incluído no número dos que mais quantidade de compota ingerira. Ora foi o que fez Matilde. Matilde sabia, porque era assistente do toxicólogo Dr. Schneider, as propriedades do rícino. Injectado em pequenas quantidades, o soro do rícino cria um antisoro que permite pois, criar a resistência suficiente para escapar da grande dose de compota que, para disfarçar possíveis suspeitas, ingeriu.

Por isso, as marcas recentes de agulha hipodérmica no braço esquerdo de Matilde, especialmente devido ao afastamento da suspeita de toxicomania. Só Matilde podia ser tão ousada pela certeza de que gozava!

© DANIEL FALCÃO