Autor Data 22 de Março de 1957 Secção Competição Problema I Publicação Flama [472] |
O TÁXI MISTERIOSO Mr. Dartur Marcos Dias
passava vagarosamente as páginas da «Flama», interessado com a originalidade
das fotos ali reproduzidas, e absorvido pela leitura do texto. Lá fora, uma
chuva leve mas persistente caía, tirando às pessoas a vontade de sair. Por
isso, naquela noite o detective não trocou a tranquilidade do seu cómodo
gabinete, pelo habitual passeio nocturno nas ruas da cidade. Seriam talvez
vinte e três horas, quando a leitura de Marcos Dias foi interrompida pelo
retinir da campaínha eléctrica
que alguém fizera soar, premindo o seu botão, na entrada principal do
edifício. O investigador
foi abrir, e deparou com um homem forte, impecável no seu fato azul, e com os
esbranquiçados cabelos em desalinho. Algumas rugas lhe sombreavam as faces,
dando a impressão de ter mais de meio século de vida. Aquele homem
procurava os serviços do detective e este convidou-o a entrar, oferecendo-lhe
a comodidade dum maple e o reconforto duma deliciosa bebida. Poisando a
pasta de cabedal castanho, fechada sobre os joelhos, o homem apresentou a sua
identificação e contou o sucedido. – Sou Mário Barata,
negociante de jóias. Saí de casa esta noite às nove e trinta para visitar um
cliente muito meu amigo. Meti-me no primeiro táxi que apareceu livre e,
durante a corrida, caí na asneira de confidenciar ao motorista que na pasta
levava grande valor em jóias raras. «Quando o
carro parou, junto ao portão do jardim, fronteiro à casa do meu amigo, num
dos arredores pouco movimentados da cidade, o motorista saiu e, contornando o
carro veio abrir a porta do meu lado, inclinando para a frente o encosto do
banco anterior que me impedia a saída.» «Estava eu já
com meio corpo fora do carro, quando uma forte pancada seguida de dor aguda
me abalou a cabeça, provocando a minha queda.» «Quando
recuperei os sentidos, talvez uma hora depois, verifiquei que a meu lado estava
a pasta, caída, e dela haviam desaparecido as jóias que contivera.
Levantei-me a custo, e agarrando a pasta com o lenço para que as minhas não
fizessem desaparecer quaisquer outras impressões digitais, que por sorte lá
estivessem dirigi-me para aqui, sem me preocupar com a visita que prometi
fazer ao meu amigo César Pelim. Tinha andado poucas centenas de metros,
quando passou um novo táxi que eu ocupei, indicando ao motorista esta sua
morada.» «As jóias que me foram roubadas,
valiam, como já disse, enorme fortuna. Peço, por isso, que se o senhor não
puder encontrar o ladrão, consiga ao menos provar o roubo, para que a
companhia seguradora não me negue o dinheiro do seguro». Marcos Dias
ouvira estas declarações, sem deixar de olhar furtivamente as revistas que
deixara de lado, para mais atenciosamente atender o seu consulente. E foi
tanta a sua atenção, que momentos depois havia solucionado o caso tão a seu
contento, que logo telefonou à Polícia Judiciária. Terminado o
caso, e já sem ligar à chuva miudinha que continuava a cair, o detective
resolveu dar uma saltada até ao CLUBE DO ARANHIÇO, para contar o caso aos
seus amigos, que em seguida não regatearam as felicitações a ele devidas, por
mais um triunfo conseguido na luta contra o crime. Pergunta-se: Qual teria
sido a solução que o detective expôs aos seus amigos? Em que
pormenores se baseou?
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© DANIEL FALCÃO |
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