Autor Data 16 de Agosto de 1956 Secção Quem Foi? Competição Torneio dos “Produtores” XV Problema Publicação Mundo de Aventuras [366] |
A DENÚNCIA Mr. Jartur Este foi o primeiro caso em
que fui colaborador directo do meu amigo Marcos
Dias, o jovem investigador que vem lutando àrduamento
contra todos os que vivem à margem das leis. O caso era fácil, e talvez por isso
mesmo eu consegui dar uma «empurradela». De resto,
estou certo de que Marcos não necessitaria dela para desvendar o mistério.
Nunca, como desta vez, um caso entristecera tanto aquele jovem investigador,
já tão aclimatado a casos semelhantes. O delito tivera lugar no «Clube do
Aranhiço», a que o Renato presidia, e Marcos dirigia como detective,
visto que todos os sócios eram jovens amadores do policialismo.
Os sócios fundadores eram 10, fazendo parte deles eu, Marcos e Renato. Os
restantes sete chamavam-se: Júlio, Óscar, Amilcar,
Albino, César, Saul e Firmino. O corpo fora encontrado
pela mulher da limpeza, que logo me fora chamar a casa, ainda eu dormia.
Corri então a prevenir o Marcos, e no carro dele partimos para o clube onde o
triste cenário nos fez humedecer os olhos com lágrimas sinceras e morder os lábios
de raiva mal contida, ao depararmos com o corpo do nosso grande amigo. A sede do clube é um
pequeno edifício, e no andar superior está instalado o gabinete da direcção. Esta dependência foi teatro do drama. O corpo de Renato estava
caído de bruços, junto da pequena mesa de dactilografia. A seu lado, caída
também, estava a moderníssima «Princess 200», na
qual a sua mão esquerda se crispara fortemente. Um rasto do sangue
prolongara-se até junto do cofre, onde em maior quantidade, coagulara havia
pouco. O cofre estava aberto. Depressa verificámos que haviam desaparecido
apenas os elementos relativos a três casos que Marcos tinha entre mãos. Ao
lado da mesa da máquina encontrava-se a secretária da vítima, sobre a qual
estava instalado o telefone. Era evidente que o delito
fora praticado com uma arma branca, dado que o corpo apenas apresentava um
golpe na parte inferior da garganta. Em lado algum do edifício foi encontrada
qualquer arma capaz de ter sido utilizado pelo criminoso. Quanto a impressões
digitais, nada. Só as do morto, impressas nos objectos
mais utilizados em serviço. Isto patenteava que o criminoso tomara todas as
precauções para que nenhum pormenor pudesse desmascará-lo. Duma coisa estávamos
certos: Renato reconhecera o culpado, mas não encontravamos
justificação para o facto de ele ter agarrado a máquina de escrever em vez de
lançar mão do telefone. Teria ele tentado escrever o nome do homem? Nem eu nem Marcos atinavamos com a explicação. E o mistério persistia… até
que o funeral se realizou. Renato era muito estimado
por todos os que o conheciam e que com ele privavam amiude.
Nenhum faltou no acompanhamento até á sua última morada. A bandeira do clube
era transportada por um dos associados, e ladeada pelos restantes, que
caminhavam maquinalmente, com os olhos marejados de lágrimas. Foi, então, que a solução
do caso se me apresentou, quando fixei o rosto de um dos colegas. Nunca ele
me fora simpático, nem só eu o detestava. Quando contei a Marcos o que pensava
do caso, ele imediatamente concordou com o meu ponto de vista. Era aquele, sem
dúvida, o culpado da morte de Renato. Fora ele quem o Renato acusara antes de
exalar o último suspiro. Renato era inteligente e sabia que um só pormenor
bastaria para que Marcos deitasse a mão ao culpado. E assim aconteceu. Naquela mesma tarde no
«Clube do Aranhiço», Marcos algemou os pulsos de um dos sócios que, pouco
depois, se confessou responsável pela morte de Renato. Dezenas de anos vividos nas
grades, sem luz, sem sol, sem liberdade… PERGUNTA-SE: – Qual foi o pormenor
denunciante? – Quem foi o culpado? – Como se deve ter passado
o caso? |
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© DANIEL FALCÃO |
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